Cruzador alemão da 1ª Guerra é encontrado no mar das Malvinas 105 anos após ser afundado
O naufrágio do navio alemão da 1ª Guerra Mundial foi identificado nas Ilhas Malvinas, onde fora afundado pela Marinha britânica há 105 anos
O SMS Scharnhorst foi o principal ativo da esquadra alemã na Ásia Oriental, comandada pelo vice-almirante Maximilian Graf von Spee. O navio foi afundado em 8 de dezembro de 1914 com mais de 800 homens a bordo, incluindo o próprio vice-almirante.
O líder da busca pelos destroços, Mensun Bound, disse que o momento da descoberta foi “extraordinário”. “Muitas vezes, perseguimos sombras no fundo do mar, mas quando o Scharnhorst apareceu pela primeira vez no fluxo de dados, não havia dúvida de que era um navio alemão”, disse Bound.
“De repente, ele saiu da escuridão com grandes armas apontando para todas as direções. Como ilhéu das Malvinas e arqueólogo marinho, uma descoberta com esse significado é um momento inesquecível e comovente na minha vida.”
Buscas levaram cinco anos
As buscas pelo SMS Scharnhorst começaram há cinco anos, no 100º aniversário da Batalha das Ilhas Malvinas, mas não obtiveram sucesso de início.
As equipes de busca retomaram suas atividades neste ano usando uma embarcação submarina, o Seabed Constructor, e quatro veículos subaquáticos autônomos. O SMS Scharnhorst foi encontrado no terceiro dia, a uma profundidade de 1.610m.
Os destroços não foram afetados pela operação, e o Falkland Maritime Heritage Trust, instituição sem fins lucrativos voltada para a promoção do valor histórico e social do patrimônio marítimo das Ilhas Malvinas, está tentando manter o local formalmente protegido por lei.
O SMS Scharnhorst fazia parte do esquadrão da Ásia Oriental da Marinha Imperial alemã, que operava principalmente no oceano Pacífico até o início da 1ª Guerra Mundial, em 1914.
Da vitória à derrota em cinco semanas
O cruzador blindado desempenhou um papel fundamental na Batalha de Coronel, travada entre a Marinha Real britânica e a Marinha Imperial alemã, na costa do Chile.
Foi a primeira derrota naval britânica na 1ª Guerra Mundial, com resultados devastadores. Os alemães afundaram dois dos quatro navios britânicos, com a perda de mais de 1,6 mil vidas. Nenhum marinheiro alemão morreu.
Os efeitos desta derrota foram sentidos em todo o império britânico e além. Mas sua resposta não demorou a chegar. A Marinha Real despachou navios do Mar do Norte para o Atlântico Sul e confrontou os alemães nas Ilhas Malvinas cinco semanas depois.
O esquadrão britânico perseguiu a esquadra alemã. O HMS Invincible e o HMS Inflexible causaram danos substanciais ao SMS Scharnhorst, fazendo com que ele afundasse com todas as 860 pessoas a bordo. A Marinha Real, em seguida, foi atrás dos navios alemães restantes.
Descoberta ‘agridoce’
Os dois filhos do vice-almirante von Spee também morreram nesse confronto. No total, 2,2 mil marinheiros alemães morreram neste segundo embate.
Para a família von Spee, a descoberta dos destroços foi “agridoce”. “É reconfortante saber qual foi o local de descanso final de tantas pessoas, que agora pode ser preservado, além de lembrar do enorme desperdício de vidas”, disse Wilhelm Graf von Spee.
“Enquanto família, perdemos um pai e seus dois filhos em um dia. Como as milhares de outras famílias que sofreram perdas inimagináveis durante a 1ª Guerra Mundial, nós nos lembramos deles e devemos garantir que seu sacrifício não foi em vão.”
O vice-almirante von Spee foi aclamado como um herói na Alemanha por não se render, e, em 1934, um novo cruzador recebeu seu nome.
A Batalha das Ilhas Malvinas teve um efeito duradouro na 1ª Guerra Mundial, porque, como resultado, a esquadra da Ásia Oriental, a única formação naval permanente da Alemanha, deixou de existir.
FONTE: BBC News Brasil / FOTOS: The Falklands Maritime Heritage Trust/TVT productions
Seabed constructor não é a mesma equipe quite localizou o ARA San Juan?
Sim e bem lembrado Marcos !
Estão se mostrando extremamente capazes no complicado cenário do extremo Sul do Atlântico.
Faz sentido, ele já estava na região nessa pesquisa, então interromper essa busca para fazer outra mais urgente foi mais prático!
Diferente dos cinco “irmãos Sullivan” que estavam embarcados em um único navio
o “Juneau” afundado em 1942 ceifando a vida de todos, os dois filhos de “Von Spee”
estavam em navios diferentes , Heinrich a bordo do “Gneisenau” mesmo tipo do “Scharnhorst” onde o pai encontrava-se e Otto a bordo do cruzador leve “Nurnberg” e
quis o destino que todos os 3 em três navios diferentes perdessem a vida.
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Uma das homenagens da U.S.Navy aos irmãos foi colocar o nome deles em um Destroyers. O USS The Sullivans (DD-537) da mesma classe dos Contratorpedeiros da nossa marinha. Eu tinha o 537 modelo da Revell.
Sim e existe hoje outro USS The Sullivans da classe “Arleigh Burke” DDG 68,
comissionado em 1997 e batizado pela neta de um dos 5 irmãos mortos.
Eu tb ! Foi nos anos 1970. Me lembro que tinha que usar uma chave de fenda quente para prender os canhões (127 e 40mm) e permitir sua rotação.
Capitânia do Kommandeur der Ostasiengeschwader, Maximilian Von Spee, o eterno Graf Spee. No meio de uma perseguição sem esperança, ordenou que os cruzadores leves dessem no pé com toda a força das máquinas, girou 180º junto com sua nave-irmã Gneisenau e partiu pra cima dos HMS Invincible e Inflexible, lutando em franca desvantagem e terminando no local onde se encontra hoje. Cabra Macho. Com M. Duas curiosidades e uma polêmica: A 1a curiosidade fica por conta de, logo após a batalha de Coronel, Spee ter atracado com seu esquadrão em Valparaíso e ter sido recebido pelo cônsul alemão e por… Read more »
Detalhe: 105 anos depois e ainda com as armas desafiadoramente apontadas.
Caiu atirando.
Rafael.
Acrescentou muito estes detalhes, por voce enumerados.
Muito obrigado pelo relato , e por essas e outras que frequento a trilogia diariamente a tantos anos valeu mesmo.
Muito bom relato, Rafael. Obrigado pela postagem.
Sobre a Batalha da Jutlândia, encontrei esse relato incrível!!!
https://www.museumaritimo.com.br/single-post/2016/05/26/Os-100-Anos-da-Batalha-da-Jutl%C3%A2ndia-1
Mar das malvinas?? Ali, ao largo de pepperland, contíguo ao mar dos montros…
uma curiosidade é que o cruzador que recebeu o seu nome tambem afundou no Atlântico Sul proximo ao Uruguai durante a 2° Guerra
Sobre mais curiosidades, o encouraçado de bolso assim chamado pela imprensa estrangeira e navio blindado pela marinha alemã até ser reclassificado como cruzador pesado, “Admiral Graf Spee” foi batizado em 1934 pela filha do almirante morto em 1914, Condessa Huberta von Spee.
Lembrei desse post aqui mesmo do Poder Naval. Comentários fantásticos:https://www.naval.com.br/blog/2013/09/12/por-falar-em-coronel-e-em-good-hope-os-reparos-do-glasgow-no-brasil-em-1914/
Eu não tinha visto esta matéria a respeito do serviço de reparo de navios ingleses aqui no Brasil gostei muito, o interessante que nessa época ( 1914 ) o Brasil ainda não tinha entrado na guerra!
E esse post também:https://www.naval.com.br/blog/2013/09/12/por-falar-em-coronel-e-em-good-hope-os-reparos-do-glasgow-no-brasil-em-1914/
Off tópico
Hoje faz 78 anos do ataque japonês a Pearl Harbor.
Exatamente, também me lembrei. Merecia um post.
Nessa área já tentaram encontrar o Belgrano mas não tiveram sucesso.
Muito legal os comentários dos colegas, altíssimo nível, infomativos e relacionados ao assunto da matéria. Parabéns
Esse combate é conhecido como Batalha das Falklands.
Eu tinha um couraçado kit revell do mesmo nome Scharnhorst da segunda guerra que foi afundado na Noruega. O meu foi abatido quando minha irmã mais nova nasceu……
Já procuraram pelo ARA General Belgrano