O futuro USS John F. Kennedy CVN-79

A Marinha dos EUA fechou um grande contrato para modificar seu mais novo porta-aviões – jogando a bola de volta para o Capitólio, que exigiu o trabalho, mas deixou de fornecer financiamento

WASHINGTON – Quando os membros da Câmara e do Senado finalmente se reunirem após a eleição para discutir o orçamento atrasado de 2021, eles enfrentarão um novo desafio da Marinha: encontrar centenas de milhões de dólares para concluir o trabalho em seu mais novo porta-aviões.

Na noite de segunda-feira, a US Navy concedeu à Newport News Shipbuilding um contrato avaliado em até US$ 315 milhões para modificações no USS John F. Kennedy para que ele possa operar caças F-35C. Normalmente, esses acordos seriam uma modificação de contrato de rotina, enterrada em meio aos bilhões de contratos do Pentágono em um determinado dia.

Mas, como tudo o mais que envolve esses dois programas, nada é rotineiro. O contrato foi fechado, apesar do fato de que a Marinha ainda não descobriu uma maneira de pagar por ele. Essa é a função do Congresso, que determinou que o trabalho ocorresse no orçamento de 2020, mas não forneceu nenhum dinheiro para que isso acontecesse.

Questionado sobre de onde virá o financiamento, o porta-voz da Marinha, capitão Danny Hernandez, disse que o problema “está atualmente em revisão”, mas o serviço espera que o trabalho “não tenha impacto na data de entrega do JFK em 2024” – contanto que seja encontrado em breve.

O Kennedy de US$ 11 bilhões, como o USS Gerald R. Ford de US$ 13 bilhões, não foi projetado para operar o avião e requer modificações caras para ser capaz de operar o caça de quinta geração.

A decisão da Marinha de conceder o contrato devolve a questão ao Capitólio, onde os legisladores estão prestes a entrar em negociações da conferência sobre o projeto de defesa de 2021, e enquanto a Marinha finaliza a apresentação do orçamento para 2022.

Oficiais da Marinha disseram no início deste ano que o trabalho no Kennedy faria com que eles adiassem alguns trabalhos iniciais no terceiro e quarto porta-aviões da classe Ford, o USS Enterprise e o USS Doris Miller, para garantir que os retrofits do Kennedy sejam feitos corretamente antes de incorporar nos outros navios que acabaram de iniciar seus ciclos de construção.

O problema com a construção dos porta-aviões da Ford com capacidade para o F-35 pairou sobre os dois programas, pois eles lutaram para resolver uma litania de problemas que fizeram com que cada um deles estivesse anos atrasado e bilhões acima do orçamento.

Oficiais da Marinha e analistas disseram que o serviço não podia esperar que o F-35 estivesse pronto antes de começar o trabalho nos porta-aviões, então eles seguiram em frente com a ideia de que modificações poderiam ser feitas quando a aeronave estivesse pronta e operacional.

F-35C e F/A-18E/F no convoo

Embora os porta-aviões da classe Nimitz e Ford possam operar com F-35Cs a bordo, modificações significativas são necessárias para que ambas as classes voem e mantenham a aeronave por longos períodos. Os navios exigem a capacidade de enviar e fundir todos os dados que os F-35s podem gerar, juntamente com a construção de espaços secretos adicionais, novos defletores de jato e outras reformas. Também é necessário fazer espaço para a aeronave tiltrotor Osprey, que substituirá a frota de C-2A Greyhound da Marinha, pois este não pode transportar os motores pesados ​​do F-35 para o navio.

No final, o USS Carl Vinson de 36 anos, que começou sua construção sob a administração Nixon e foi lançado em 1983, será o primeiro lar dos F-35C no mar. O navio recebeu uma reforma de US$ 34 milhões em Bremerton Wash. No início deste ano e está realizando testes no mar antes de uma implantação prevista para 2021.

O plano era que o USS Enterprise e o USS Doris Miller fossem construídos para o F-35 desde o início. O Enterprise está programado para ser implantado em 2028 e Doris Miller estará pronto para navegar em 2032. Em janeiro, a Marinha concedeu à Huntington Ingalls um contrato de US$ 24 bilhões para os dois navios.

F-35C Lightning II decolando

No geral, os planos da Marinha de incorporar caças F-35 às operações foram afetados neste verão, quando o USS Bonhomme Richard pegou fogo enquanto estava no cais de San Diego, possivelmente atrapalhando o lançamento de um navio que seria o próximo na fila para lançar F-35B de seu convoo.

O Richard teria sido o quinto navio anfíbio modificado para operar o F-35B, após a atualização do USS Essex e do USS Makin Island, de San Diego, junto com o USS America (atualmente em porto no Japão) e o USS Wasp de Norfolk. (Claro, o Wasp está familiarizado com o F-35B, tendo realizado uma série de seus testes operacionais.)

No mês passado, o secretário da Marinha, Kenneth Braithwaite, disse que está interessado em explorar a ideia de construir mais desses porta-aviões menores nos próximos orçamentos.

Questionado sobre a sugestão do secretário de Defesa, Mark Esper, de que a frota de porta-aviões nucleares poderia cair de 11 para oito nas próximas décadas, Braithwaite sugeriu que poderia haver menos mudanças em andamento do que alguns poderiam pensar.

“Estamos estudando um número”, disse ele. “Acredito plenamente que esse número ficará muito próximo de onde está hoje.”

O secretário disse se a Marinha pode imitar de alguma forma o que fez com os pequenos porta-aviões na Segunda Guerra Mundial e construir mais deles “com um terço, metade do custo” de um porta-aviões, mantendo os porta-aviões nucleares de grande convés na frota, podendo ser possível se livrar de alguns super-porta-aviões, mantendo intacta a capacidade do poder aéreo da Marinha.

FONTE: Breaking Defense

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Fernando Turatti

Uma questão que nunca havia me passado pela cabeça: o F-35B pode operar nos supercarriers? Suas pistas são capazes de aguentar sem qualquer problema o calor gerado pelo pouso e decolagem desses caças?

Dalton

Sim Fernando. Uma área poderia ser facilmente reforçada para o pouso vertical da mesma forma que está sendo feito nos grandes navios de assalto anfíbio de convés de voo corrido ou melhor ainda o F-35 B teria espaço de sobra para pousar após uma pequena corrida como já testado a bordo do
HMS Queen Elizabeth o que permite o retorno da aeronave com maior carga, armas e/ou combustível.

Fernando Turatti

Então, a questão mais frequente que leio a respeito do F-35B é o problema do calor gerado diretamente para o convés. Pousar com uma breve corrida seria o bastante para tornar sustentável a operação dos mesmos em longo prazo num USS Gerald Ford? É possível retirar facilmente os ganchos para pouso de modo que não atrapalhem o F-35B numa operação atípica?

Dalton

O F-35B no caso dos EUA, foi pensado para operar a partir de bases terrestres e de navios de assalto anfíbio e não irá operar a bordo de NAes da US Navy, mas, se fosse, com certeza se utilizaria o método de pouso que descrevi por permitir que a aeronave possa pousar com maior carga o que não é possível de se fazer no relativamente estreito convés de voo ainda mais com a enorme superestrutura dos navios anfíbios. . E se entendi corretamente sua pergunta, os cabos de retenção de um NAe em nada atrapalhariam o pouso de um F-35B… Read more »

Fernando Turatti

Quanto ao propósito do F-35B nas forças americanas, já estava a par… A dúvida surgiu, na verdade, por conta dos F-35B que estão se espalhando pela Ásia nos países aliados mesmo, na ideia de “interoperabilidade”.
Agradeço os esclarecimentos, abraço.

rommelqe

Caro Fernando: o maior problema não é propriamente a temperatura imposta ao convés de pouso (claro que nisto se inclui efeitos de distorção geométrica devidas a dilatações, resistencia estrutural (a tensão de escoamento, por exemplo vai se reduzindo de forma inversamente proporcional à temperatura) e outros problemas que são até de fácil resolução (qualquer motor de combustão ai na rua trabalha com temperaturas altas, certo?); se fosse assim não conseguiríamos produzir aço ASTM A743 aqui no meu lado… Agora o maior problema, já contornado, é garantir que as correntes de fluxo do ar a alta temperatura que estariam realimentando o… Read more »

Dalton

Não que seja muito importante, mas, há um erro no original em inglês.
.
O USS Carl Vinson, não tem 36 anos e não foi lançado em 1983. O correto é
38 anos já que foi comissionado em março de 1982 e o lançamento ocorreu em março de 1980.

Welington S.

Se o Brasil optasse por construir um porta-avião, teríamos que construir um estaleiro novo ou existe algum estaleiro que daria conta (apenas fazendo algumas reformas) de construir um porta-avião?

Wilson Look

O Estaleiro Atlântico Sul tem um dique que permite construir navios de até 500 mil toneladas, tem outros como o Estaleiro Mauá, mas todos precisariam de adequações e de capacitação da mão de obra devido a complexidade de um porta aviões.

Allan Lemos

Tem certeza que é de até 500 mil toneladas? Isso é 5 vezes o peso de um Nimitz. Não seria 50 mil?

Victor Filipe

Acho que seja 50 mil mesmo o Seawise Giant foi o maior navio da historia (navio petroleiro) e ele não passava de 240 mil tons.

Victor Filipe

(maior em comprimento, ele tinha +- 458m)

Maus

Já perdeu o posto, o maior agora é o Prelude com 488m.

Dalton

O “Seawise” vazio deslocava tanto quanto o “Nimitz”
vazio, umas 80.000 toneladas.
.
Devido ao maior tamanho e sendo oco o “Seawise” totalmente carregado deslocava mais de 600.000 toneladas contra quase 100.000 do Nimitz.

Wilson Look

Com um dique seco de 400 x 73x 12 metros e uma capacidade de processamento de 160 mil toneladas de aço por ano, o EAS tem capacidade de construir navios superiores as 100 mil toneladas.(vi a informação de 500 mil toneladas mas não achei outros lugares com esse dado para poder corroborar ele, só achei os tipos de navios que eles constroem, como os suezmax).

Aerokicker

É porque esses estaleiros não constroem aircraft carriers, mas constroem bulk carriers, ore carriers, oil carriers… Brincadeiras à parte, cargueiros são navios extremamente grandes e pesados, mas de construção muito mais simples que um NAe. Então essas docas até chegam a ter tamanho, mas falta mão de obra qualificada para construir um navio tão complexo. Eu realmente acho mais fácil, se quisermos ter um NAe a médio prazo, comprarmos de fora. O tempo que levaríamos para conseguir construir algo aqui, mesmo com transferência de tecnologia e tudo o mais, seria enorme e em pouco tempo perderíamos essa qualificação porque não… Read more »

Allan Lemos

Talvez, mas não sei se a qualificação se perderia assim tão facilmente. A França construiu seu porta-aviões décadas atrás, e só lá para 2030 vai construir um novo.

Esteves The Block Man

Como nunca foi feito, não existe mão de obra qualificada no país.

Poderiam treinar e especializar a mão de obra. Mas a qualificação leva tempo. Requer evolução dos treinamentos.

Vários anos. Décadas.

Sem continuidade…essa mão de obra qualificada se lançaria para ofertas de empregos em outros países, inclusive, durante o período da qualificação.

Assim perdemos nossos melhores estudantes para as universidades americanas. E para as empresas americanas.

Last edited 3 anos atrás by Esteves The Block Man
Wilson Look

O Estaleiro Atlântico Sul já construiu petroleiros do tipo Suezmax que deslocam bem mais que 50 mil toneladas(160 mil tons no caso).

as dimensões do dique seco deles é de 400 x73x12 metros

filipe

O Brasil vai fabricar um NAE de 45 000 Toneladas baseado no CDG Francês, sem reactores nucleares, com catapultas americanas.

Welington S.

Onde você viu essa notícia?

Alex Barreto Cypriano

Braithwaite, embora good guy, é ruim da cabeça e possivelmente doente do pe. Tudo o que se está vendo hoje, não não vai durar: o novo sempre vem, sem pedir licença, e o refugo pago a peso de ouro é somente fauxfrais da história. Ora, pra competir com a China, muitos sistemas legados terão de ser abandonados no esforço de recuperar a vantagem com outros novos sistemas… Mas o F-35 (A, B ou C) vai ficar, viu?

Pedro Tavares Nicodemos Filho

Fortaleza, sexta-feira, 06.11.2020 Alex Barreto Cypriano, “Fauxfrais” você usa como “incidentes”, ou “despesas”, “gastos extras”? Também estudo francês e para mim é termo novo. Uso o app DUOLINGO para esse fim. O Brasil não consegue arcar com um F-35, com uma hora de voo de $31,000.00! Mal pode com um caça como o SAAB GRIPEN E/F, com hora de voo de $4,700.00. O DASSAULT RAFALE NAVAL($16,500.00 de hora de voo) tem mais de 3 vezes o custo de operação de um SAAB GRIPEN E/F, mas o porta-aviões francês nos serve de base para o projeto, de preferência com TRANSFERÊNCIA DE… Read more »

Flanker

Meu caro, esquece essa história de Gripen E/F com hora de voo de 4700 dólares…..
Com o avião entrando em operação real se saberá quanto custará de fato…..mas, pode ter certeza que será bem mais que esse valor.

Esteves The Block Man

Pois. Ora pois.

O avião nem chegou e já sabemos quanto custará a manutenção direta, indireta, mão de obra, peças, treinamento, hangares…?

Alex Barreto Cypriano

Escrevi como se fosse uma palavra só, mas são duas (faux frais).
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Faux_frais_of_production
Mas, Pedro, esquece isso de navio aeródromo brasileiro baseado no CdG com direito a ToT: é conversa fiada.

Last edited 3 anos atrás by Alex Barreto Cypriano
Dalton

São navios caríssimos de obter, por conta de novas tecnologias, que não apenas trarão mais eficiência como ajudarão à abater os custos ao longo de uma vida estimada de 50 anos, com tripulações menores, mais facilidade para executar manutenções de rotina e estima-se que as catapultas eletromagnéticas deverão exercer menor pressão sobre as fuselagens dos aviões teoricamente economizando-se com elas também. . O fato do “Ford” não sair do estaleiro capacitado à operar o F-35C na verdade foi uma decisão inteligente, liberando o navio mesmo que precocemente para uma série de testes e também atuar na importante missão de formar… Read more »

Dalton

No caso de ter passado despercebido, a última foto, mostra um NAe, o USS Nimitz com a ancora pintada de dourado. Trata-se de uma premiação concedida aos navios que apresentam uma alta taxa de retenção de tripulantes a bordo
e consequentes avanços na carreira do pessoal a bordo.

Esteves The Block Man

Marinha profissional. Navio não navega sem tripulação.

Ninguém é líder por acaso.

rommelqe

Me parece que o maior problema relacionado às instalações físicas “necessarias” para operar os F35C (não confundir com os F35Bs, por que aí é outra longa história…) seria como dito que “…é necessário fazer espaço para a aeronave tiltrotor Osprey, que substituirá a frota de C-2A Greyhound da Marinha, pois este não pode transportar os motores pesados ​​do F-35 para o navio”; isso por que a fusão de dados e interfaces de sistemas não seriam propriamente um problema para a estrutura e lay-out básicos destes NAE´s Assim quase que podemos “simplificar ” o tema colocando que os Osprey é que… Read more »

rommelqe

Os F35Bs dos marines…..

Dalton

O C-2A chegou ao fim da linha e precisa ser substituído então aproveitou-se uma aeronave já existente para transporte, não apenas de motores, mas, demais cargas e pessoal e embora seja bom poder contar com o “Osprey” não é ele que define à operação de um F-35, já que muita coisa precisa ser instalada como um sistema de pouso, capacidade de absorver dados, reforçar os defletores de jato no caso dos NAes, criar uma infraestrutura para manter aeronaves a bordo, etc. . Os “main carriers” operam normalmente por 7 meses da mesma forma que os navios anfíbios que embarcam tropas… Read more »

Frederico Boumann

Esse NaeN é o sonho lascivo da MB…kkkkk

Junior

Dois classe Juan Carlos da Navantia, com 6 F35B embarcados em cada um, estariam para lá de bom para o nosso Brasil.