Corveta da classe Visby

Capital de Gotland, maior ilha da Suécia, Visby é uma das cidades medievais bem preservadas da Europa, façanha que até lhe rendeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 1995. Entre as principais atrações desta cidade de quase 25 mil habitantes estão as Muralhas de Visby (Visby ringmur, em sueco), um muro militar de 3,6 km de extensão que circunda sua região central construída durante o período medieval para defender a cidade.

O que não se imaginava na época da construção deste marco da defesa sueca é que, séculos depois, a pequena cidade de Gotland iria compartilhar seu nome com uma corveta capaz de realizar uma variedade de tarefas, como guerra anti-superfície, anti-submarina, contramedidas de minagem e patrulha.

Afinal de contas, já se foi o tempo em que o mero poder de fogo de um navio era suficiente para sua própria proteção: o conceito hoje é ação antes (ou mesmo sem) da detecção da ameaça. Esse diferencial chamou a atenção da Administração de Materiais de Defesa da Suécia (FMV), que escolheu as corvetas Visby para patrulha do país.

Recentemente, a FMV e a Saab ainda assinaram dois acordos para a fase definição do produto para as atualizações de meia-vida de cinco corvetas da classe Visby e a fase de definição do produto para corvetas Visby Generation 2.

Para saber mais sobre esta classe de embarcações, cujo nome é referência em defesa sueca, confira a seguir 5 curiosidades sobre as corvetas Visby.

1. A Visby começou a ser planejada na década de 90

Criadas no estaleiro de estaleiro Kockums, em Karlskrona, a cerca de 280 de distância da cidade insular do mesmo nome, a primeira corveta Visby foi lançada em junho de 2000, sendo que os navios restantes foram lançados até 2006 e nomeados como Helsingborg, Härnösand, Nyköping e Karlstad.

Entretanto, o desenvolvimento das corvetas Visby começou no início dos anos 1990. Mais precisamente em 1991, quando o estaleiro Karlskrona construiu o navio experimental Smyge, atendendo as necessidades da Marinha sueca de criar uma plataforma para testar novas tecnologias stealth.

2. 100% Carbono

Composta 100% por fibra de carbono, a corveta da classe Visby de 650 toneladas possui a mesma capacidade de carga de um navio de aço. Além disso, a fibra de carbono permite que a embarcação tenha uma redução de pelo menos 50% no deslocamento em comparação com um navio de aço.

“Construída em material compósito, muito resistente, a Visby possui uma incrível tolerância ao fogo. Por isso, foi considerado um dos melhores navios do mundo, pois entre tantos outros atributos, enfatiza a tecnologia de “baixa visibilidade” e a capacidade de guerra centrada em redes. Isso porque com um resultado até 90% mais “stealth” superior que as dos concorrentes, a Visby é capaz de passar quase desapercebida aos radares inimigos”, explica Piet Verbeek, Diretor de Vendas da Saab.

3. 0% Corrosão

O casco e a superestrutura de fibra de carbono da corveta da classe Visby não é apenas mais leve que o aço, mas também comparável em resistência ao fogo e propriedades balística. Além disso, este material também é superior em termos de vulnerabilidade a explosões na superfície e explosões subaquáticas. Quanto aos custos de ciclo de vida, o composto de fibra de carbono é totalmente superior ao aço e ao alumínio para o desgaste, fazendo com que sua resistência superior à corrosão reduza ainda mais os custos do ciclo de vida da plataforma.

4. Furtividade e Velocidade

Graças as suas características de sua composição, as corvetas da classe Visby são 40% mais rápidas do que as convencionais, oferecendo também maior capacidade de manobra e calado raso – ambas considerações táticas importantes em águas litorâneas.

5. Versatilidade

Visby disparando o míssil RBS-15

A corveta da classe Visby é um combatente de superfície flexível, projetado para uma ampla gama de funções, incluindo, mas de forma alguma se limitando a guerra anti-superfície, anti-submarina e contra-medidas de minas. A mesma capacidade ao usar outros navios requer duas vezes o custo de manutenção e tripulação, bem como são necessários vários navios para coordenar as operações, o que minimiza a eficiência da operação.

DIVULGAÇÃO: Saab / Publicis Consultants

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Marcelo

acho que falta capacidade de defesa aérea e um hangar para os helicópteros (não deve possuir porque deve operar sempre à pequena distância do litoral e ao alcance de helicópteros baseados em terra). Mas isso a limita. Devem estar estudando isso para as suas substitutas, ao menos a defesa aérea.

Fernando Veiria

É possível de ser feito, mas como ela é feita em fibra de carbono e veio de um projeto experimental, fizeram pequena até pelo custo de se construir nesse material.

Mas achei uma ideia genial se fazer navios em fibra de carbono.

Bosco

Marcelo,
O canhão de 57 mm conta com um diretor de tiro radar/optrônico que oferece uma capacidade antimíssil.
*Inicialmente pretendiam armar essa corveta com mísseis sup-ar Umkhonto, com 15km de alcance, mas pelo visto não o fizeram.

Zorann

A questão fica é: é mais barato no final usar fibra de carbono, ao invés de usar aço? Ao ser mais leve, precisará de menos motor para alcançar o desempenho desejado. Além do casco poder passar por varias modernizações, já que não sofre com corrosão. Você percebe o tanto que é leve ao comparar com nossos patrulhas classe Macaé e Amazonas. Ele tem suas dimensões entre estas duas classes, sendo mais próxima às dimensões da Amazonas, mas pesando 1/3 de seu peso, pesando um pouco mais do que um Macaé. E armado com um canhão de 57mm + 8 RBS15… Read more »

Marcelo

Fibra de carbono eh muito mais cara que o aco, o Elon Musk trocou os materiais compostos por aco nos seus foguetes experimentais, pelo custo. Para navios pequenos como este talvez compense pelas vantagens que vc citou, mas para fragatas nao acredito mesmo.

rommelqe

Notar , caros Zorann e Marcelo, que o emprego do casco em fibra de vidro confere à embarcação não só uma maior capacidade de carga útil para o mesmo deslocamento em volume, como também acrescenta pelo menos duas outras características fundamentais de um ponto de vista militar: são amagnéticas (como destinam-se a guerra litorânea devem ser menos suscetíveis às minas inimigas) e possuem um capacidade de absorção de ondas de radar muito melhor do que um casco de aço, tornando-as mais stealths . Uma outra importante característica, neste caso mais ligada ao desempenho de navegação, também é o fato de… Read more »

TeoB

Quando vi a primeria vez achei sensacional, me veio que esse material na MB faria o navio durar uns 100 anos em operação, lemdrando que a corveta caboclo ainda ta na ativa e é de aço kkk
O que acho interessante e a capacidade stealth, fiquei curioso pra saber como esse material se comporra em relação aos sonares…

Carlos Campos

se fosse na MB eles colocar ela na ativa até o fim dos tempos, jám que não corrói.

Willber Rodrigues

Casco em fibra de carbono. Leve e não sofre com corrosão.
Mas fico imaginando como um navio feito com esse material se comportaria no meio de um combate, se ele pegasse fogo ou se fosse atingido por um míssil anti navio

R_cordeiro

Se fosse atingido em cheio afundaria como qualquer outro.

Fernando Veiria

A Fibra de carbono é bastante resistente ao fogo e tem mais resistência mecânica que o aço. Ela só não tem a ductilidade do aço, mas ela suportaria um impacto de míssil melhor do que o aço, haja visto que várias blindagens hoje são feitas nesse material. Mas claro que não tem milagre, um disparo em cheio vai romper o casco. A vantagem dela ser mais leve é que pode suportar o dano, isolando os compartimentos atingidos ela ainda pode flutuar e até combater mesmo com esses danos, dependendo claro de onde forem os danos. A desvantagem é que fazer… Read more »

Willber Rodrigues

Se esses materiais tem tantas vantagens, porque mais nenhum outro navio de combate no mundo a utiliza?

leandro

imagino que a construção dela se torne muito caro… pense que se uma bike de fibra de carbono custa 15k… imagina um navio inteiro. claro que ao longo existem suas vantagem, porém se pensar que hoje ainda existem navios da década de 60 ainda na ativa, justifica deixar o aço pra fibra?.. outra que imagino que essa classe se torna um laboratório dessa tecnologia, onde estarão avaliando a longo prazo os efeitos do uso desses materiais… creio que se tudo seguir como o planejado talvez possamos ver mais navios com materiais similares (claro.. isso se não se importarem com os… Read more »

Fernando Veiria

A Fibra de Carbono é um material relativamente novo e caro. Ele hoje é mais utilizado na aviação, mas até os anos 2000 era tão caro que era utilizado apenas na aviação militar e mesmo assim apenas em poucas áreas. Hoje em dia temos um avião civil feito praticamente todo nesse material: O Boeing 787. Aos poucos o preço dela vem caindo e provavelmente o emprego dela na construção naval seja ampliado. Aliás, barcos de competição já são feitos nesse material, se não me engano os barcos da Americas Cup (que acabou essa noite, vitória da Nova Zelândia) são feitos… Read more »

Carlos Campos

Também acredito nessa trajetória, lembrar que o Alumínio já foi mais cara que o ouro.

Willber Rodrigues

Hum…faz sentido. Obrigado pela explicação

rommelqe

Caro Fernando, o exemplo dos barcos da Americas Cup é bem claro. Tenho um amigo que já participou desta competição e é especialista em iatismo. Uma vez estávamos comparando a mesma geometria de plano de linhas (superfície em contato com a água) empregando várias alternativas de materiais (inclusive construção em concreto!). O casco em fibra ganha fácil… Quanto à ductilidade lembrar que esta propriedade é tão mais importante quanto o estado de tensões seja mais crítico. Como o casco em sua maior parte é uma membrana (estado biaxial de tensões) e voce posiciona as principais camadas de fibra em seções… Read more »

Fernando Veiria

Seu amigo não seria o Horácio Carabelli, projetista do Luna Rossa não né? Então, uma das vantagens da fibra de carbono é justamente que na hora de laminar você coloca as fibras no sentido que você quiser e melhora o comportamento do material no sentido dos esforços que sua estrutura vai sofrer. A fibra perde para o aço na dutilidade mas isso é bom na construção naval. Como você mesmo disse em outro comentário ali em cima, se o material deforma menos, a hidrodinâmica permanece “perfeita”, então ter um material que sofre pouca ou quase nenhuma deformação elástica ou plástica… Read more »

rommelqe

É isso , caro Fernando. Embarcações com casco de fibra são amplamente empregadas para laser e competição. Esse meu amigo não é o Carabelli não (rsrsrsrsr) mas acredito até que eles se conheçam (quem sabe né?). Mas voltando aos cascos e à ductibilidade, tenacidade e outras “dades” já vi que voce é do ramo. Inclusive há um video da SAAB Kockums ilustrando o processo. Mas para o casco de uma Fragata deslocando suas 5000 t ou mais esta não seria, acredito, uma solução adequada. porque nestas dimensões os efeitos de torção, custos específicos e outros fatores limitantes não indicam ser… Read more »

Fernando Veiria

Caro Rommelque (esse é seu nome ou você quer homenagear o Gen Rommel?):

Um casco de fibra de carbono deslocando 5000t já vai cair lá nos destróieres. Com pouco peso de casco o deslocamento vai ser quase todo de equipamentos. Ficaria um navio fantástico.

Minha dúvida é justamente no processo de laminação, fazer um casco inteiriço de fibra de carbono aí de uns 200 metros como controlar as torções no processo. Depois de pronto acredito que o casco aguentaria bem.

Mas sempre temos a solução de fazer um casco compósito com o aço marcando presença.

rommelqe

Caro Fernando: sim meu pai queria um filho militar e deu-me esse nome em homenagem ao Erwin von Rommel. Eu li tudo sobre ele, é claro, conheço onde nasceu e pelo menos tres combatentes que serviram com ele na SGM. O QE é devido à sigla de uma antiga minha empresa…Até por questões profissionais mesmo, já estudei cascos em fibra de embarcações de combate. É uma tecnologia na qual acredito muito e com desempenho muito adequado.

Fernando Veiria

O General Rommel é uma figura fascinante. É o comandante preferido dentre os que combateram na II GM.

Foxtrot

Isso sim é um navio Stealth.
E não aquele trambolho cheio de anteparas retas e altamente refletivas denominado CCT/Meko gambiarra.
Triste a falta de visão de nossos militares.
Parabéns aos Suecos!

Mauricio Pacheco

Depois ficam bravos quando são chamados de vira latas!

Foxtrot

Exatamente

Marcelo

as Tamandares serao muito mais capazes…nao tem o que comparar.

rommelqe

Claro MArcelo, não tem o que comparar. São duas funções totalmente distintas.É como comparar um caça F22 e um bombardeiro Spirit…

Arrais Amador

O normal aí é balanço 20, caturro 15. Tomara que o estabilizador seja bom. E que as panelas fiquem bem presas no fogão.

F4U

Quero deixar meus parabéns a quem comentou. Finalmente, depois de ANOS, leio comentários consistentes e objetivos. Nada de “30 dessas na MB ou dá para instalar o Astros?”. Que Netuno afaste esse povo e deixe quem realmente queira agregar.

Hermes

Até estranhei. Realmente o nível foi superior ao de costume.

João Bosco

Um navio interessante com uma tecnologia de construção interessante. Para uma nação como a Suécia ele vem a calhar, pois sua geografia litorânea é composta por varios fiordes, permitindo sua ocultação.
Mas, acho que não daria certo por aqui, pois nosso litoral e muito extenso e não temos fiordes, no máximo baías .
Mesmo assim, uma tecnologia a ser analisada cuidadosamente….

Fernando Veiria

Como ele desloca pouco, também tem pouco calado. E como o peso do navio não está no casco, o centro de gravidade fica alto. Gostaria de ver como essas corvetas se comportariam em mar grosso. De repente trazer uma para uns testes aqui no Atlântico e fazê-la atravessar o Cabo Horn.

rommelqe

Caro Fernando: voce mesmo citou a Americas Cup….um barco de competições deste atravessa o Pacífico inteiro!!! Lógico que uma Visby pode e consegue “tranquilamente” atravessar um “marzinho destes”, mas não é, literalmente a praia dela! Nem é esse objetivo tanto quanto não é para uma Niteroi atracar perto da beira mar sul em Floripa. Um trem é um trem (até para os portos secos de Minas) um barco é um barco, cada um no seu terreno, cada um na sua água.

rommelqe

Essa questão, Fernando, do lastro que deva ser acrescido em uma embarcação é um ponto importante, claro. Mas esse é um dos parâmetros até mais faceis de resolver. Veja o exemplo das MCMV da mesma SAAB: só a propulsão VOITH Schneider já confere uma estabilidade natural totalmente compatível. Aliás os suecos tem em sua história um caso até meio constrangedor mas cercado de pontos curiosos. Se tiver um tempinho vale a pena, veja o museu Waza em Estocolmo!

rommelqe

Só corrigindo: Vaza Museun https://www.vasamuseet.se/en

Carlos Crispim

Palavras dos “especialistas”:: 1)Não servem para o Brasil, pois não navegam nos nossos mares abertos 2)São modernas demais e custam caro a hora, motores caros e são diferentes dos que já operamos 3) O Brasil não precisa delas, pois precisa de porta-aviões e subnucs 4) Tem pouco alcance, são pouco armadas e o Brasil só quer estado de arte armadas até os dentes com armas que nunca sequer jamais possuímos 5) O canhão é diferente do que operamos, é caro, a munição é cara 6) São caras pois são novas, devemos comprar de oportunidade 7) Não oferecem TOT irrestrito Esqueci… Read more »

Last edited 3 anos atrás by Carlos Crispim
rommelqe

Caro Carlos: kkkkkkk, é bem isso mesmo! Mas olhando esse projeto mais de perto voce vê que é a cara do Brasil e essa classe de embarcações é fundamental ! Não esquecer que temos em nosso litoral muitas configurações, inclusive nossas baias como Angra dos Reis (mas lá não tem ondas porque?) Itaguai (mas lá não tem nada importante a proteger), lagoa dos patos (mas lá so se faz churrasco de fogo de chão, tche), todo o entorno da ilha de marajó, na região de Salvador (ué porque a base de caça minas é por lá, Aratu, hein?), baia de… Read more »

Fernando Veiria

Imagina uma classe de navios assim para serem combatentes fluviais e navegarem nos rios da Amazônia. Se você der a elas capacidade de proteção anti aérea você tem uma arma de defesa bastante interessante para o país.

rommelqe

Concordo, Fernando! A tecnologia é perfeitamente adequada ao TO amazônico, inclusive em fução desta característica quanto à furtividade.
Também é importante destacar a respeito de qual dos inúmeros “ambientes amazônicos” estamos falando. Muita gente pensa em Amazonas como sendo o rio amazonas em sua foz, tomando uma Cerpa em algum porto do Amapá (alias ja fiz isso algumas vezes, rsrsrsr). Mas onde o bicho pega é bem mais lá perto da foz, nas fronteiras com Peru, Colombia, Venezuela… Abs

Fernando Veiria

caro Rommel, acho que você só deu uma confundida nos termos. A foz do Amazonas é ao entorno da Ilha de Marajó. Onde você está dizendo que seriam os problemas, e você tem razão é o médio do rio. O Solimões nasce lá no Peru e até alguns bilhões de anos atrás desaguava no Pacífico, mas como a Cordilheira dos Andes brotou no caminho dele, ele acabou achando outro percurso e o degelo dos Andes aumentou seu volume. Navegar pelo Rio Amazonas os grandes navios cargueiros o fazem, basta ver que eles vão até Santarém ou mesmo Manaus. Essa corveta… Read more »