Operações ‘cross-deck’ entre porta-aviões da US Navy e a Royal Navy

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Dois caças McDonnell Douglas F-4 Phantom II nas catapultas do porta-aviões USS Independence (CV-62) na Flórida em março de 1975. Em primeiro plano está um F-4J (BuNo 155562) da Marinha dos EUA do esquadrão de caças VF-101 Grim Reapers. O VF-101 não era um esquadrão regular do Carrier Air Wing Seven (CVW-7) a bordo do Independence, mas um esquadrão de substituição da frota que treinava pilotos de F-4. Ao fundo está um Royal Navy Phantom FG.1 (F-4K) do No. 892 Squadron, baseado no porta-aviões britânico HMS Ark Royal (R09), que realizou operações cross-deck com o Independence

Cross-deck (ou cross-decking) é um jargão naval que pode se referir tanto ao compartilhamento informal e de tarefas específicas de recursos entre embarcações navais (uso histórico) quanto ao uso de conveses de porta-aviões (ou helipontos embarcados) para hospedar aeronaves estrangeiras aliadas, aeronaves de outros navios da mesma marinha ou como plataformas de reabastecimento para aeronaves navais para estender as operações de voo além do alcance do tipo de aeronave.

As operações podem ser inteiramente dentro de uma única marinha ou entre marinhas aliadas, conforme definido no acordo HOSTAC. Em várias ocasiões, aeronaves da US Navy e da Royal Navy operaram nos porta-aviões de ambas as marinhas, para ampliar a interoperabilidade entre as tripulações.

Em tempos mais recentes, as nações da OTAN que operam porta-aviões CATOBAR incluíram considerações de design para operação de aeronaves amigas de países membros. O francês Dassault Rafale pode ser operado a partir de conveses de voo de porta-aviões dos EUA desde 2010.

 

Cross-deck em 1975 no porta-aviões britânico HMS Ark Royal: F-4J Phantoms e A-6 Intruder da US Navy dividem o espaço apertado no convoo com F-4s, Gannet e Buccaneers da Royal Navy
Um McDonnell F-4J-33-MC Phantom II da Marinha dos EUA (BuNo 155544) do Esquadrão de Caça VF-33 “Tarsiers” decola no final da catapulta lateral do HMS Ark Royal (R09). O VF-33 pertencia à Carrier Air Wing 7 (CVW-7) a bordo do porta-aviões USS Independence (CV-62)
Phantoms FG.1 do Royal Navy Fleet Air Arm do 892 Naval Air Squadron de volta a bordo do porta-aviões HMS Ark Royal (R09) após uma visita à Estação Aérea Naval dos EUA (NAVSTA) Oceana, onde operaram com o USS Saratoga. As insígnias da Marinha Real foram “zapeadas” e substituídas por insígnias da Marinha dos EUA do período entre guerras e a marcação “Marinha Real” foi substituída por “Marinha Colonial”
McDonnell Douglas Phantom FG.1 do 892 Naval Air Squadron da Royal Navy a bordo do porta-aviões USS Independence (CVA-62) da Marinha dos EUA, em setembro de 1971. A foto foi tirada durante operações cross-deck com o porta-aviões britânico HMS Ark Royal (R09 ) durante o exercício da OTAN “Royal Knight” no Atlântico Norte
Um McDonnell Phantom FG.1 da Royal Navy do 892 Naval Air Squadron pousando a bordo do porta-aviões USS Nimitz (CVN-68) da Marinha dos EUA, em 12 de setembro de 1975
O porta-aviões HMS Ark Royal, em fevereiro de 1975
HMS Ark Royal (R 09) e USS Nimitz (CVN 68) na Estação Naval de Norfolk, Virgínia, em 1976
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Red Pill - 红色药丸

“Colonial Navy” Alguem reparou na quarta foto ? Lindo isso.

Thiago A.

Só mostra, mais uma vez, como são fortes os vínculos históricos, a camaradagem e o clima de distensão entre as duas Marinhas. Você só toma essas liberdades com alguém que lhe é próximo, os trotes são para os amigos e familiares…

Revela como nesse quesito os americanos são resolvidos e bem menos complexados do que os brasileiros, que vivem esse sentimento de inferioridade, mesmo agora que a colônia é um gigante e poderia muito bem brincar sobre a própria identidade sem todo esse não me toque.

Carlos Crispim

O Brasil devia se ligar à Portugal da mesma forma que os americanos e ingleses, sempre achei que podíamos fazer exercícios conjuntos, ter tripulação mista e usarem os mesmos portos, afinal, os laços são indestrutíveis.

Thiago A.

São laços difíceis de construir … as duas forças armadas mencionadas lutaram e morreram lado à lado nos ultimos cem anos praticamente. Se a decisão fosse minha com certeza concordaria em estreitar esses laços, não só com Portugal, mas boa parte dos países da CPLP. Aqui no Atlântico seria o foco principal, começando por São Tomé e Príncipe e Angola( Namíbia também, no obstante seja apenas observador) . Se tivéssemos uma marinha de águas azuis certamente seriam os primeiros objetivos. Moçambique e Timor-leste para garantir a presença no Indico e sudeste asiático. O Brasil desperdiça esse patrimônio e Portugal não… Read more »

AMX

Portugal tem compromisso é com a OTAN. O resto, lhe é secundário.

Thiago A.

Lhe é secundário por ser periférico ( assim como o Brasil) e não ter os recursos e as forças para empreender projetos geopolíticos de maior alcance.

Fazer parte da OTAN não é empecilho e não exlcui a possibilidade de cultivar outras esferas de projeção, ainda mais países que virtualmente poderiam usufruir de um patrimônio histórico e cultural tão grande. França é RU que o digam .

Global Britain …

Willber Rodrigues

Não tem comparação.
EUA e Inglaterra lutaram lado a lado em Duas Guerras Mundiais, fundaram a OTAN, fazem parte do CS da ONU, e os EUA vonfiam na Inglaterra a ponto de os EUA terem ajudado ativamente a Inglaterra a fazer seus subnucs e ICBM’s.

Dalton

Só uma pequena correção Wilber…os britânicos pagam pelo empréstimo dos SLBMs Trident II, então quase sempre há um SSBN carregando ou descarregando os mísseis na costa leste dos EUA.
.
Pode ser um pouco trabalhoso pois após carregar os mísseis o SSBN tem que retornar ao Reino Unido para colocar as ogivas e antes de devolver os mísseis as ogivas são retiradas, mas, poupou-se e poupa-se muito dinheiro
em não desenvolver e manter um míssil próprio como os franceses fizeram.

Neto

Que informação arretada. Obrigado mestre Dalton.

AMX

Houve intenção parecida nos anos 60, quando Portugal ainda estava forte na África, principalmente Angola. Lá, alguns portugueses e seus descendentes tencionavam tornar Angola independente politicamente de Portugal – mas com relações bem próximas – e falavam no “Triângulo do Atlântico”: Lisboa, Rio de Janeiro e Luanda. Como sabemos, não aconteceu.

Red Pill - 红色药丸

Hahaha, ninguém entendeu o que escrevi…

Jagdverband#44

Impressionante a diferença dimensional entre os CVs britânicos e americanos.

Dalton

Os britânicos ficaram para trás já que não construíram novos NAes apenas modernizaram alguns usados na II Guerra ou que tiveram suas construções iniciadas em plena guerra caso do Ark Royal. . Como curiosidade nessa visita do Ark Royal aos EUA em 1976 onde se vê o mesmo atracado paralelamente ao USS Nimitz onde também participou das comemorações do bi centenário da independência, havia na costa oeste prestes a ser descomissionado o USS Oriskany o último da classe Essex ainda em serviço contemporâneo do Ark Royal e de dimensões mais próximas. . O Oriskany entretanto não operou o Phantom F-4,… Read more »

Red Pill - 红色药丸

Só servem pra guerra assimétrica, eles mesmos já sabem disso.

Dalton

O que ocorreu é que NAes após a II Guerra não foram testados contra “iguais” e com o fim da guerra fria foram usados na guerra ao terrorismo mas isso não quer dizer que sirvam apenas para guerras assimétricas e segundo sua lógica todos os tipos de navios só serviriam para isso também. . Um NAe não deve ser visto de forma isolada e sim como parte de um grupo que poderá ser apoiado por outros navios inclusive aliados e aeronaves baseadas em terra como se pretende fazer com o futuro bombardeiro B-21. . A Ala Aérea está mudando para… Read more »

Thiago A.

A nova configuração baseline 9 do Aegis, os novos SM-6, a capacidade de engajamento cooperativo utilizando os dados fornecidos pelos F-35 SEM precisar dos radares das unidades navais
..lembrando, 70 destroyers e nenhum inimigo/adversário próximo, embora as obrigações e TO sejam inúmeros , eles podem se desvincular de algumas áreas ,em concerto com os aliados, e focar em um TO específico. A segurança deles não seria afetada, o mesmo não pode ser dito dos seus adversários que possuem várias frentes de perigo para a própria integridade territorial.

Dalton

Sem falar Thiago que o primeiro Arleigh Burke III com o baseline 10 já passou pelas primeiras provas de mar aparentemente dentro do cronograma de entrega para abril e em breve se começará de forma gradual atualizar vários Arleighs Burkes IIA com uma versão leve do SPY-6.

Red Pill - 红色药丸

Bom, realmente devem estar melhorando bastante, mas ainda digo que frota nenhuma conseguiria desembarcar na China e lhe tomar porções de terra. As projeções de um conflito naval lá indicam pesadas perdas de vasos de ambos os lados, a perda de um CVN com 5 mil marinheiros é algo muito difícil de aceitar pro Ocidente, já os Orientais e russos são bem mais acostumados a grandes perdas e sempre se apoiaram na estratégia do milhão, manda o primeiro, esse morre então manda o segundo milhão.

Last edited 1 ano atrás by Red Pill - 红色药丸
Neto

Problema mesmo é Taiwan. Como lidar com uma crescente animosidade Chinesa em relação a este outro país.
.
Os EUA se envolverão?

Jagdverband#44

Excelente.

Red Pill - 红色药丸

Explique objetivamente, porque isso seria excelente para um (suposto) brasileiro ?

109F-4

E o aperto que ficou no da RN? Um acidente com explosivo ali, não sobrava nada.

Carvalho2008

Para conhecimento dos leitores.

Como os Nae ingleses eram menores, a versão britânica tinha uma série de modificações para poder operar sem perder sua características.

Uma delas é visível quanto ao trem de pouso dianteiro Telescópico, que tem a função de empinar o bico do avião para ajudar nas decolagens.

veja a diferença entre um e outro

Carvalho2008

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Carvalho2008

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Pecatoribus

Vendo as fotos pensei exatamente nisto. Me pergunto como os F-4 americanos decolavam do Ark Royal já que não dispunham do trem dianteiro telescópio. Imagino que as restrições de peso na decolagem deveriam ser rigorosas.

Carvalho2008

Todo avião decola, a diferença é a quantidade de armas e/ou combustível….o pessoal fala coisas jogadas ao vento que viram mantras incorretos…

compare qualquer peso de caça entre peso vazio, load weight (carregado com combustivel) e mtow máximo take off….alguns dobram de peso…..e entre as variações de peso, cada umc cobre uma faixa de missao. Defesa aérea por exemplo, o avião sai apenas lotado de combustível e mísseis ar ar, cerca de 40% mais leve do que em missões de ataque, onde precisa levar bombas e mísseis pesados anti superfície…entre um e outra coisa, tem uma distância enorme….

Last edited 1 ano atrás by carvalho2008
Dalton

Bem lembrado Carvalho, outras diferenças seriam os motores e o radome dobrável para permitir que o Phantom coubesse nos elevadores do Ark Royal.

Leandro Costa

Houve um ‘causo’ interessante no mediterrâneo, quando dois F-4 do USMC tiveram que pousar no Ark Royal. Este estava indo em direção à Malta, e os F-4 do USMC não puderam ser lançados antes de o Ark Royal atracar em Malta.

Eis que na época, Malta estava com umas rusguinhas com os EUA, e os ingleses acharam melhor ‘camuflar’ os F-4 do USMC para não causar algum mal estar. Pintaram as derivas das aeronaves, a parte mais visível, com insígnias dos esquadrões ingleses.

Se não me engano foi isso que aconteceu. Quando chegar em casa eu procuro as fotos.

Dalton

Oi Leandro…ao menos no livro que tenho sobre o Ark Royal IV que comprei quase 20 anos atrás o que encontrei é que um Phantom do USMC de um esquadrão alocado para o USS Forrestal pousou no Ark Royal por conta de um cross deck mas não conseguiu decolar por problemas técnicos e conforme o livro “foi banido para o convés do hangar inferior”. . O Ark Royal tinha dois hangares um sobre o outro para em teoria abrigar toda a ala aérea mas, que na prática não era possível e restringia à altura dos hangares impossibilitando certas manutenções e… Read more »

Bueno

Temos o finado NAe ‘São Paulo’ em 2002, operando com a Armada Argentina 😉 , pra não sairmos tão mal na foto!! kk

https://www.naval.com.br/blog/2022/05/22/imagens-nae-sao-paulo-em-2002-operando-com-a-armada-argentina/

Last edited 1 ano atrás by Bueno
Velho Alfredo

O HMS Ark Royal teria levado a guerra das Malvinas para outro patamar.
É possível q os argentinos nem comprassem essa briga.

carvalho2008

A diferença de alcance de um verdadeiro CDF (caça de defesa de frota) é enorme….

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Dalton

Já que você mencionou, no livro que tenho sobre o Ark Royal e claro há muita informação na internet também, teria sido mais vantajoso e relativamente barato se os britânicos tivessem investido no navio gêmeo do Ark Royal o Eagle para que este também pudesse operar o Phantom já que o Eagle encontrava-se em melhores condições o que teria permitido a ele operar bem dentro da década de 1980. . Mas, os recursos não foram disponibilizados para a modernização nem havia disposição para manter o Eagle em serviço por mais uma década, praticamente se havia deixado de formar pilotos navais… Read more »

Carvalho2008

Tirando que a Royal Navy veio de um passado realmente grande de batalhas e meios, e tendo tecnologia, são extremamente admiráveis em suas soluções pois em si, passam por uma crise de mais de 70 anos de encolhimento, mas neste meio tempo, sempre conseguiram dar umas grandes sacadas…. Mas está aí do Eagle e Ark Royal foi desastroso mesmo….a diferença era brutal…e fez uma falta absurda… Os amigos as vezes não entendem o tamanho da politicagem, da guerra econômica por um projeto e as vezes imaginam que algo que não foi para a frente não era bom…O Harrier pó exemplo,… Read more »