Moskva após o ataque de mísseis Neptune, em abril de 2022

‘O destino do cruzador Moskva prova que as forças de defesa da Ucrânia têm os meios necessários para repelir a agressão russa no mar’ diz MD ucraniano

O Ministério da Defesa da Ucrânia respondeu à ameaça russa de que navios no Mar Negro, dirigindo-se a portos ucranianos, seriam considerados alvos militares: agora foi a vez da Ucrânia dizer que qualquer navio dirigindo-se a portos russos no Mar Negro seria considerado da mesma forma. A notícia foi publicada pela Bloomberg.

Desde que suspendeu o acordo de grãos, que permitia à Ucrânia exportar parte de sua produção agrícola, a Rússia já atacou armazéns e alertou que qualquer navio dirigindo-se a portos ucranianos seria considerado como fornecedor de suprimentos bélicos.

Na declaração do ministério da Defesa da Ucrânia foi lembrado o ataque ao cruzador russo Moskva, afundado no Mar Negro, numa ação creditada a mísseis antinavio Neptune, desenvolvidos localmente: “O destino do cruzador Moskva prova que as forças de defesa da Ucrânia têm os meios necessários para repelir a agressão russa no mar”.

Desde quarta-feira, os preços do trigo subiram, e voltaram a aumentar quando o ministério da Defesa, em Kiev, anunciou que quaisquer navios em direção a portos russos ou em áreas ucranianas ocupadas por tropas russas também seriam alvos legítimos.

A escalada de ameaças a rotas mercantes do Mar Negro elevou os riscos nos mercados, desde petróleo e alimentos básicos  até fertilizantes. Ainda assim, os preços do petróleo pouco se alteraram, segundo a Bloomberg, indicando que o mercado está cético quanto à possível interrupção do fornecimento.

O Mar Negro abriga um importante terminal de petróleo russo, Novorossiysk, que também é um importante porto para embarque de fertilizantes, grãos e carvão. Há também outros terminais próximos a Taman, a leste da Crimeia, com cerca de 28 navios na região.

Segundo Alexander Kulikov, diretor executivo da empresa de navegação Sea Lines, de São Petersburgo, disse que o porto de Novorossiysk funcionava normalmente nesta quinta-feira. Porém, como a passagem pelo estreito de Kerch foi suspensa desde o recente ataque à ponte da Crimeia, não está claro quando reabrirá. A companhia tem dois navios aguardando passagem pelo estreito pelo sul.

 

Ainda que não seja claro o grau de realismo da ameaça ucraniana, o ministério da Defesa da Rússia também não especificou o que faria com navios que tentassem entrar em portos da Ucrânia. Por outro lado, as capacidades russas no Mar Negro e no Mar de Azov são consideráveis, incluindo navios de guerra dotados de mísseis  de cruzeiro, com cobertura radar contra ataques aéreos, assim como a base de Sevastopol, na Crimeia.

Os mísseis Harpoon e Storm Shadow, que são os de maior alcance da Ucrânia, não podem atingir Novorossiysk e suas rotas de aproximação, o que não ajudaria nos esforços ucranianos para atingir navios na região. O arsenal ucraniano também inclui drones de longo alcance, ainda que muito menos poderosos, que provavelmente foram usados em ataques simbólicos a Moscou em maio. A Ucrânia não possui mais uma marinha capaz de ameaçar a Rússia, mas tem usados drones aquáticos para atacar navios russos, sendo a maior parte desses drones alvejada por tiros  de canhão.

Míssil antinavio Harpoon

Segundo Nick Childs, pesquisador especializado em forças navais do “think tank” londrino International Institute for Strategic Studies, os ucranianos “já mostraram de várias formas que podem colocar o tráfego naval russo sob ameaça de formas que surpreenderam os russos. A questão é se isso é parte de um jogo de retórica em que um coloca pressão no outro para retomar o acordo de grãos, como já vimos no passado”.

Childs também opinou que a combinação russa de ataques a terminais  ucranianos e ameaças ao tráfego mercante bastará para criar um bloqueio de fato, sem a necessidade de afundar qualquer navio. Ataques a navios petroleiros também aumentariam o risco de desastre ambiental, o que traria repercussões indesejadas da comunidade internacional.

 

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sub urbano

O bloqueio russo já começou e é sustentado por mísseis P800 Oniks do sistema K300P BastionP estacionados na península da Crimeia. A russia não irá arriscar navios nessa operação.

Dalton

O que entendi é que não se trata de arriscar navios na operação e sim que eles poderão ser atingidos bastando estar no mar até mesmo em missões de rotina e treinamento, mas se isso poderá ser feito é outra coisa.

Dimas Santana de Souza

Dois importantes e esclarecedores comentarios iniciais . O conflito virando sua face para o mar tornar-se – a potencialmente mais perigoso e acendrado quando os alvos forem as embarcacoes ou as diversas bandeiras navegando pela regiao. O emprego de baterias costeiras missileiras preocupa e sera mais um problema para os Comandantes dos navios mercantes e para o Mundo. Sera que nao aprendemos com o passado ? Estou certo ou equivocado ?

Bosco

Só se for os que sobraram porque eles estão sendo utilizados contra alvos em terra.

Underground

Pudin apenas dizendo que manda. Na hora que os chineses decidiram que precisam dos grãos ucranianos, a conversa muda. Aliás, Pudin já disse que vai indenizar os grãos destruídos na Ucrânia. Talvez mande pagar as janelas destruídas do prédio da representação chinesa. Mas fala aí, já entregaram os Sukhois para os iranianos?

Avelino Dias Ferraz Filho

Qto a decisão de pagar o produto perdido é uma decisão sabia,uma vez que o intuito da ação especial não é destruir armazéns de grãos ou de petróleo mas sim conscientizar ou eliminar o exército o regime militar e atuação de Kiev Ucrânia que é regime perigoso a nação e povo Russo e vizinhos que não fazem parte da sua coordenação seguida dos EUA que tenta dizimar a República Russa a anos agora com desculpa de ataques a Ucrânia Europa e EUA se juntaram na guerra contra a Rússia

Nonato

Fiquei muito comovido com suas palavras…

Fernando "Nunão" De Martini

Se não arriscar navios na operação, então a ameaça ucraniana de “contra-bloqueio” funcionou… afinal, não interessa à Rússia deixar seus navios da Frota do Mar Negro indefinidamente na base ou restritos ao Mar de Azov.

Enfim, um gritou truco! outro gritou seis! Daí veio nove! Doze! E periga ambos estarem blefando.

Maurício.

Na minha opiniã, esse afundamento do Moskva, junto com aquela imagem de vários tanques e blindados destruídos em uma rua em Bucha em abril, depois aquela foto de vários tanques e blindados destruídos nas margens do rio Donets em maio, foram as maiores vergonhas da Rússia até aqui nessa guerra, mas entre os três fatos, acho que o do Moskva foi o pior, até porque, nem marinha a Ucrânia tinha, era um navio “pika”, até entrar em guerra…

Leandro Costa

O impacto do afundamento do Moskva foi tão forte que gerou esquizofrenia hehehehehe

Maurício.

Acho que meu comentário será apagado, mas vamos lá, até o afundamento do Moskva eu respeitava um sujeito famoso aqui da trilogia, pois ele sempre dava seu ponto de vista e não dava muita bola para os haters, e era educado, depois do afundamento, mudou de “nome” incontáveis vezes, mas até aí tudo bem, o pessoal pró-OTAN também faz isso, o erro foi negar que fez isso e negar o antigo “nome”.

Henrique

ta falando do zxings? kkkk

Joanderson

Quem era essw sujeito?

Maurício.

O Henrique já sacou quem é…rsrsrs.

Leandro Costa

Por mim qualquer um que fique trocando de nick, falando besteira com o motivo de trollar ou causar algum tipo de confusão, não apenas joga no lixo qualquer credibilidade que poderia ter e se torna tão inútil e infantil quanto humanamente possível, seja lá qual bandeira defende.

Heinz

O afundamento do Moskva mexeu com o ego do Kings, há boatos que ele é mordomo do Medvedev nas horas vagas.

Macgaren

Você, ops quis dizer ele, como está?

Fernando Botelho

Tá falando em terceira pessoa?
Vixe…

Maurício.

Deni, acho que você deve separar um pouco as coisas, eu não disse que a Ucrânia está ganhando, não disse que a contraofensiva está sendo um sucesso, aliás, acho o contrário, mas é um fato que a perda do Moskva foi uma perda humilhante para a Rússia, esses casos que você mencionou, existia uma marinha do outro lado, mesmo que fraca, a Ucrânia praticamente nem marinha tinha, e o tal navio era tido como “pika das galáxias”.

Maurício.

Meu Deus… Nesse caso em específico eu estou falando da humilhação russa, não dos sistemas que a OTAN forneceu, vocês não sabem separar as coisas, lá no forte eu sou um dos que mais criticam os tais “game changer” fornecidos para a Ucrânia, que em alguns casos também são humilhados, mas a humilhação de um não invalida a humilhação do outro, simples assim.

Henrique

Quando vc não tem marinha mais ainda assim consegue manter os navios inimigos a maior parte do tempo no porto/longe ou embaixo d’água kkkkkk

Leandro Costa

Caraca… eu sabia cantar essa música de cabo a rabo em japonês. E eu não falo Japonês. isso que dá assistir todos os episódios de Evangelion na ordem ao longo de apenas um dia e meio. 😛

leonidas

Mas não é a Ucrânia que tem esse efeito preventivo em Moscou, e sim a Otan… rs

paulop

Interessante que o conflito Russo-Ucraniano é pouco expressivo no mar. Basicamente, dentro das informações que se tem, resume-se em ações de vigilância marítima por parte da Marinha Russa, e ações rápidas das forças navais ucranianas (com uso de drones navais e, possivelmente, equipes de incursão). De toda a forma, a Marinha Ucraniana, cedo ou tarde terá de se reestruturar. Se observarmos o mapa acima, veremos que apesar de pequena, a orla marítima ucraniana é cheia de baías, pontas e acessos fluviais. Não é siginificativa a quantidade de ilhas mas, existem importante portor (como Odessa e Kherson). Assim, a pergunta que… Read more »

Kommander

Ué, não vai sair nenhuma matéria no G1 dizendo que isso vai impactar a fome no mundo?

Rodrigo

Eu não falaria do Moskva ainda tem muita viúva dele ainda aquii..vai gerar comoção do Xings e seu exército de clones

Jesse ferrer

Este regime russo é uma piada. Líder que manda matar opositor é cobarde, e esta conversa de que putin é homem forte é só para distrair os menos atentos.