Fragata FREMM lançando míssil Aster

PARIS — O comandante naval francês para o Oceano Índico defendeu o uso de mísseis de milhões de euros para abater drones utilizados pelos rebeldes Houthis do Iêmen para atacar embarcações no Mar Vermelho, citando o valor das vidas e ativos protegidos, e a sofisticação da ameaça.

A fragata Languedoc, patrulhando no sul do Mar Vermelho em dezembro, abateu vários drones usando mísseis Aster 15, a um custo que analistas de defesa estimam em cerca de €1 milhão (US$ 1,1 milhão) por míssil. A Marinha Real Britânica, com seu HMS Diamond, também usou os mísseis para se defender de ataques de drones na área.

A proliferação de drones baratos no campo de batalha representa um desafio para as marinhas ocidentais, cuja defesa aérea baseada em mísseis tende a ser eficaz, mas cara. O cálculo econômico de interceptadores ultra-capazes, projetados para combater mísseis antinavio caros ou aeronaves tripuladas, rapidamente perde seu apelo contra drones que custam milhares de dólares, alertaram analistas.

“O custo não é o do míssil que usamos, mas o custo do que protegemos”, disse o vice-almirante Emmanuel Slaars em resposta a perguntas do Defense News em um briefing à imprensa em 11 de janeiro aqui. Slaars disse que não havia “dúvida” de que a Languedoc foi alvo em um incidente no início de dezembro, quando o navio de guerra usou mísseis Aster 15 da MBDA para abater dois drones vindos da direção do Iêmen.

Diagrama do VLS SYLVER das fragatas FREMM e suas armas

O comandante disse que nem todos os drones usados pelos Houthis são munições baratas vagantes, e algumas variantes usadas para observação de alvos são “bastante sofisticadas”. Abater drones de reconhecimento pode evitar um ataque mais letal, disse Slaars.

Os rebeldes Houthis estão usando dados de rastreamento de embarcações para identificar alvos em potencial, depois voam com drones de observação para explorar os navios antes de atacá-los com drones e mísseis antinavio, segundo Slaars. A tecnologia de drones e mísseis usada pelos Houthis é do Irã, “não há segredo nisso”, disse o vice-almirante.

A Languedoc tem escoltado embarcações com bandeira francesa ou navios com “interesses franceses” pelo Mar Vermelho independentemente da Operação Prosperity Guardian, disse Slaars. Quando não está em serviço de escolta, a fragata está disponível para patrulhar zonas atribuídas como parte da operação liderada pelos EUA, embora a Languedoc permaneça sob comando francês a qualquer momento.

A Itália também está operando um navio no Mar Vermelho, enquanto um navio grego ainda não chegou, de acordo com Slaars, que é o comandante das forças francesas estacionadas nos Emirados Árabes Unidos, bem como da missão de consciência marítima liderada pelos europeus no Estreito de Ormuz.

FREMM Languedoc

FONTE: Defense News

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JOSE DE PADUA VIEIRA

Phalanx ou Goalkeeper nao dariam conta do recado?

JOSE DE PADUA VIEIRA

por um precinho mais comodo?

Fernando "Nunão" De Martini

José, No caso das fragatas francesas, elas não são equipadas nem com Phalanx nem com Goalkeeper. A defesa antiaérea é baseada nos mísseis e no canhão de 76mm. Armas CIWS como Phalanx e Goalkeeper, além disso, são para defesa do próprio navio de guerra, engajando ameaças que se dirijam ao próprio navio, e o alcance é pequeno para defender outras embarcações. Por isso o uso dos mísseis, para que atinjam os alvos a dezenas de km de distância, num raio que compreende os navios escoltados. Eventualmente o canhão de 76mm poderia ser empregado contra drones a médias distancias, entre 4km… Read more »

JOSE DE PADUA VIEIRA

Sim, mas veja esses trechos: “A Marinha Real Britânica, com seu HMS Diamond, também usou os mísseis para se defender de ataques de drones na área” e “Slaars disse que não havia “dúvida” de que a Languedoc foi alvo em um incidente no início de dezembro, quando o navio de guerra usou mísseis Aster 15 da MBDA para abater dois drones” leva a entender que os misseis foram usados na proteção do navio de guerra. Nessa hipotese um sistema tipo CIWS sai mais barato, mas minha duvida é: conseguem interceptar um drone? ja que imagino possuirem baixa rcs, mas nao faço a minima… Read more »

Bosco

José Há drones de diversas categorias. Esses drones a que se refere o artigo devem ser do tipo III e muitas vezes mesmo um navio tendo um CIWS ou um canhão apto a abater um drone na fase terminal o comandante pode optar por utilizar um míssil baseado na estratégia de defesa em camadas. Deixar a ameaça penetrar as camadas externas para só abatê-la no final pode não ser muito inteligente. Quanto ao CIWS ele pode ser utilizado contra pequenos drones (I e II) tendo em vista ter um canal de mira optrônico controlado manualmente. Ainda que o radar de… Read more »

Bosco

Vale salientar que não existem sistemas de radares capazes de detectar drones tipo I e II a dezenas de quilômetros. Eles são detectáveis a distâncias curtas, geralmente na faixa de 10 km no máximo.
Esses mísseis utilizados pelos Houthis são do tipo III, em geral são passíveis de serem detectador por radares “convencionais” e de serem adquiridos pelo seeker de mísseis radar ativos e sensibilizar a espoleta de proximidade.
Os mísseis que têm se tornado “pesadelo” na Ucrânia são os do tipo “tático” do tipo I e II e os do tipo III na faixa menor de peso do grupo.

Fernando "Nunão" De Martini

Mas a missão principal desses navios de guerra é defender os navios mercantes. Obviamente vão defender a si mesmos, mas não creio que um navio de guerra capaz de interceptar uma ameaça a dezenas de km de distância vai abdicar dessa possibilidade e aguardar que a ameaça esteja a poucos km e prestes a lhe atingir.

Sobre CIWS poder atingir drones, sim, eles podem.

De qualquer forma, no caso do navio francês, ele não tem a opção de usar um CIWS pois não é equipado com um CIWS.

Bosco

Exato. O conceito de defesa em camadas determina que a ameaça seja neutralizada o mais longe possível . As camadas defensivas subsequentes mais internas são uma redundância no caso das camadas mais externas falharem e não uma opção primária de defesa. O problema é que muitas vezes, por diversas razões (míssil stealth, míssil sea-skimming, barco drone de baixo RCS, drone do tipo II de baixa velocidade…) a ameaça passa por todas as camadas externas e só pode ser engajada na última camada, por armas de defesa de cuto alcance, mas isso se dá não por opção e sim porque não… Read more »

Paulo Sollo

Podem dar conta se os drones tiverem como alvo o próprio navio que possui estes sistemas de defesa de ponto, mas para interceptar drones se dirigindo contra outros navios e fora de seus alcances só mísseis ou aeronaves podem fazer a tarefa.

H.saito

Apenas SE os navios militares forem os alvos, se os alvos forem navios civis, o curto alcance destas armas não protegerão os as embarcações mercantes..

Orivaldo

E precisa sair falando pra todo mundo ?

Sulamericano

Gastar 1 milhão de doletas para abater um Drone que deve custar uns 15k USD realmente não é lá uma boa coisa pra se falar.

Maurício.

O engraçado é que em muitos fóruns pela internet, tem um pessoal que tira sarro dos drones e mísseis do Iêmen/Irã, mas na prática, a marinha americana, britânica e francesa, não querem se arriscar, abatem os drones/mísseis na maior distância possível, nada de usarem canhões, e eles estão certos.

H.saito

O problema é que esses drones podem não estar mirando navios militares, mas alvos civis, como refinarias e navios de carga com bandeira dos países envolvidos.

Leandro Costa

Estão certos. São profissionais que aprenderam com o USS Stark, USS Samuel Roberts, USS Cole, e por essas e outras não acabaram como um Moskva da vida. Não se pode subestimar nada de ninguém.

DANIEL ALVES E SILVA

Até agora ninguém entendeu o cerne da questão. A guerra mudou. Guerrilhas e terroristas podem usar um drone barato, forçando Marinhas poderosas gastarem bilhões de dólares em campanhas que simplesmente não levam a lugar algum. No caso específico, a navegação não será restaurada, os fretes e produtos irão subir de preço. Os governos gastarão bilhões de dólares e os seus contribuintes pagam a conta. A pergunta é: – Até quando? Vejo neste fórum muitas pessoas engraçadas. Ficam defendendo Marinha A ou B e não entenderam que a guerra deles é econômica, não tem a intenção de afundar navio algum. Se… Read more »

Bosco

Daniel, Todo mundo entende que os Houthis a mando dos iranianos querem por fogo no parquinho e o fato de atingirem ou não um navio é irrelevante, mas eles têm que entender que a única constância do Universo é a inconstância dos fatos. A física quântica explica. rsss O que é hoje amanhã deixa de ser. Na medida em que eles , que têm seus objetivos, agitam a equação o resultado provisório (tendo em vista a inconstância das coisas) que podem criar foge ao seu controle. Pode ser bom ou ruim para a causa Houthi. E mesmo que seja bom… Read more »

JOSE DE PADUA VIEIRA

Foi extamanete nesse sentido que fiz minha pergunta sobre CIWS, nenhum terrorista tem capacidade de derrotar um exercito regular, mas e o custo disso? Por isso perguntei se o CIWS nao daria conta do recado a um custo bem mais baixo, porém isso passa por inumeras questões, que vão desde o custo do sistema de defesa vs o sistema defendido, além da possibilidade do drone de atingir o alvo e causar danos. Iron Dome custa uma nota e abate foguetes feitos de cano de agua do Hamas, mas oq defende são vidas, agora drones lentos, com pouco explosivo e capacidade… Read more »

H.saito

Como desculpa creio que serve como teste de validação de eficiência dos mísseis,

Atualmente creio que não haja um sistema interceptador barato DE MÉDIO ALCANCE, capaz de proteger navios de terceiros.

Talvez uma alternativa de menor custo seja outro drone, equipado apenas com o Rafael Python, velho mas pode ser adequado.
HIPOTETICAMENTE FALANDO, talvez nosso velho MAA-1 Piranha possa a vir a ser útil, se instalado em drones, para combater outros drones, repito, talvez e hipoteticamente.

sergio 02

Eu me pergunto em quanto tampo eles vão enjoar de brincar de “piratas do caribe ” e vão perceber (que como os americanos gostão de falar) ou cortam a cabeça da cobra, e mantam o corpo, ou vão ficar eternamente nessas patrulhas que não levam a nada.