Fontes do Mercado indicam que devido à depressão econômica mundial, o Brasil deve crescer somente 3% em 2009. Mas caso se materialize o cenário pessimista traçado pelas Nações Unidas, diante do agravamento da crise financeira, o PIB brasileiro terá expansão de apenas 0,5% em 2009, e a economia global recuará 0,4%.
São prognósticos que, se confirmados, certamente afetarão a implementação do Plano Estratégico de Defesa e a execução dos programas de reaparelhamento das Forças Armadas, especialmente o da Marinha e o da FAB.
Na década de 1990 a MB teve de enfrentar terríveis barreiras econômicas, que inviabilizaram os planos iniciais da Força de construir 16 corvetas, que acabaram sendo substituídas por navios de segunda-mão adquiridos no exterior. Um sexto submarino IKL-209/1400 Mod. também foi cancelado, bem como o projeto do NaPaOc de 1.200 toneladas e o do submarino convencional nacional.
Na década atual, mesmo com o crescimento do país em torno de 4% e 5% nos últimos anos, o orçamento da Marinha continuou deficitário, principalmente com o contingenciamento dos recursos dos royalties do petróleo.
E agora, com o surgimento de mais uma profunda crise econômica que abala o mundo, o futuro novamente parece incerto, principalmente para o ambicioso programa do submarino nuclear brasileiro e a manutenção do único navio-aeródromo em operação no hemisfério-sul.
A Marinha tem outras prioridades a curto e médio prazos: navios-patrulha, modernização dos submarinos, novos helicópteros e escoltas e o resto provavelmente terá que “aguardar na bóia”.
O Ministério da Defesa e o Comando da Marinha terão de fazer milagre com os poucos recursos disponíveis, para manter a operacionalidade e a credibilidade da nossa única Frota e ainda investir no reaparelhamento.

NOTA DO BLOG: o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) queria que o orçamento de Defesa tivesse um percentual fixo do PIB (cerca de 2,5%), mas tem encontrado grande resistência. Dificilmente tal percentual será aprovado, o que pode comprometer seriamente o Plano Estratégico em estudos, pois a produção de armamentos e equipamentos só será viável se houver economia de escala, com grande número de encomendas. Como é que empresas vão investir em P&D, instalações e pessoal, sem a garantia de que receberão encomendas? O pequeno número de unidades produzidas no Brasil sempre foi o calcanhar de aquiles de todas as iniciativas de implantação de uma indústria bélica no País.
Talvez fosse mais fácil alterar a legislação orçamentária vigente, para transformar o orçamento atual destinado à Defesa em impositivo e não apenas autorizativo. Desta forma, os planos de reaparelhamento seriam minimamente viabilizados.

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Nelson Lima

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molleri

Sabe qual a prioridade do Plano Estratégico para esse desgoverno? É mil, numa escala de zero a mil. Os problemas das FFAA se resolvem com liberação de verbas há décadas contingenciadas – o PRM está aí, pronto. Não é com blá, blá, blá e com factóides mirabolantes que chegaremos lá. Como sempre digo “o papel aceita tudo”.Quero ver é pôr em prática.

pablo

vergonhoso mesmo…
so espero que o reaparelhamento da Marinha nao fique somente nas 06 canhoneiras(sub-armadas) e construcao/prontas…
a Petrobars poderia bancar ma parte das aquisicoes… ja que a Marinha vai “proteger” as plataformas, nada mais justo… e a fonte viria do memso local…
seria isso um absurdo ???? pedir pra Petrobras “ajudar” nas aquisicoes ???

Nimitz

E tem outro agravante: se a crise econômica se aprofundar, nas próximas eleições o PSDB pode retornar ao poder, o que significará uma pá de cal no Plano Estratégico de Defesa, pois o PSDB sempre se cag… para as Forças Armadas. Vejam o que FHC fez com o Programa Nuclear da Marinha nos seus oito anos…

Roberto CR

Gosto desse blog, mas creio que liberaram uma informação incompleta. O relatório da ONU tem três destaques: pessimista, básico e otimista. O apresentado pelo blog é o pessimista.
Aconselho a quem quiser mais informações veja:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/12/081201_worldeconomyonurw.shtml

Sem contar que isso é “um cenário possível” no futuro e não fato.

Nimitz

A Lei de Murphy…

Fábio Max

Não acho que isso vai acontecer. Se olharmos a história do país, só mesmo em anos MUITO, mas MUITÍSSIMO ruins, o PIB não cresceu mais que 2,5%. O problema da economia brasileira é que ela cresce em média histórica de 2,5% mas a população e as urgências sociais crescem historicamente acima disso. Duvido que o Brasil despenque a crescer apenas 0,5% ano que vem, se for um ano ruim, crescerá 2,5%. De qualquer modo, se não ocorrer o “carimbo” das verbas militares, estaremos sujeitos a cortes, sim. Isso porque funciona assim, os governos não tiram de áreas que afetem políticos… Read more »

Clauswitz

Estou pessimista. Eles tem a desculpa que precisavam!

Ulisses

Eu acho que vai porque desta vez será um assunto de estado e nunca discutiram e planejaram tanto a defesa quanto agora.pensem:

Se fosse para ser cancelado,já teriam cancelado há muito tempo.

Se fosse para ser cancelado,então porque não cancelar:FX2,novas escoltas da MB,EC725,Marlin,SubNuc,Parceria Estratégica com Itália e Rússia,França e há sinais de parceria com a China!

Alguém ainda acha pouca coisa?O plano será concretizado com tudo a vapor!!!

Ulisses

Todo mundo aqui neste blog inclusive eu deseja ver as FFAA brasileiras fortes,muitos aqui,não todos querem isso,mas na hora que estão planejando como agora,DUVIDAM!

O que é isso?Como disse uma vez o Hornet “na hora de jogar para a direita,querem a esquerda”,eu hein.Falo isso porque já estou cansado de pessímismo,

NÃO DEVO NADA A NINGUÉM,NÃO PEÇO FAVOR A NINGUÉM.ACREDITO E ASSIM SERÁ!

Thiago

Gente otimismo somos brasileiros e não desistimos nunca!

Hornet

Bem, se a crise atingir o Brasil com essa proporção, o que menos me preocupa é o PND. Começo a ficar preocupado com a sobrevivência dos brasileiros de um modo geral, e não apenas das FAs. E além disso, essa crise é mundial, então tenderia a “congelar” todas as FAs do mundo, e não apenas as do Brasil. Então a Índia vai ter que parar a construção do “Vidamardita”, o Brasil vai suspender a compra dos Helis russo, os demais países vão cancelar tudo, pois se for desse jeito, não haverá dinheiro mais pra nada….e não é bem isso que… Read more »

McNamara

E por via das dúvidas, vamos mantendo o Parnaíba bem azeitadinho, porque ele sim, é capaz de salgar o casco novamente e estabelecer presença naval no TO do Atlântico Sul. Que Type 45 que nada…

João-Curitiba

O problema que eu estou vendo é a crise “psicológica”. Hoje a Volvo anunciou a demissão de 400 funcionários, em vista da projeção da queda de vendas para o ano que vem. O Banco Votorantim demitiu um número que não lembro agora. A Vale do Rio Doce fez o mesmo. Tudo baseado em projeções. Na dúvida eles preferem não arriscar. O único problema que eu identifico é o juro a 15% ao ano oficialmente mas que está nos 15% ao mês no cartão de crédito e de 8% a 10% ao mês no cheque especial e no crediário. Essas taxas,… Read more »

Vassily Zaitsev

Nimitz, dia 01 10:58 hs,

Boa, a Lei de Murphy cairá como uma luva nas desculpas que escutaremos do Lula Molusco, Jobim e do Bananeira Unger quando cancelarem o PND.

Ulisses

Quem tiver condições de comentar o que eu postei,vá em frente,não há nada de errado mesmo.

Baschera

Bueno, no creio em brujas, pero que las hay, las hay…..
(desculpem, meu professor de espenhor se chamava Collor de Melo…)
Sds.

Marco Antonio

Meu medo nessa crise não é o cancelamento dos contratos já negociados ou em negociação, mas sim os famosos cortes nos orçamentos das Forças Armadas que assistimos durante anos.
Teremos alguns aviões ,navios,tanques, helicópteros mas talvez não tenhamos dinheiro para sua utilização.
Só nos resta esperar e ver.
Abraços.

Fenix

É obvio que estamos na crise, o governo apenas transmite palavras animadoras para evitar o estouro da manada. É o papel dele. O nosso papel e o de qualquer administrador publico ou privado é se concentrar nas prioridades, é colocar o pouco dinheiro que há naquilo que comprovadamente é eficiente, que é nosso “core business”, que mantem os quadros e cuida de aperfeiçoa-los. O que está fora da curva será protelado, é natural e correto. Em termos de realizações não creio que passaremos do PAC. Do PND será feita só a “raiz quadrada” ou mesmo a “raiz cúbica” do plano… Read more »

Márcio

A ONU, o FMI, o Banco Mundial e as tais agências de risco deveriam ter acertado as suas previsões antes dessa crise acontecer, agora não adianta mais ficar especulando e tentar jogar a crise para cima dos países emergentes. No que se refere ao Brasil e a execução do PND, o governo e também boa parte do mercado (com exceção daquela parte virtual manipulada pela grande mídia) continuam a acreditar na economia brasileira, prova disso é o fato de empresas como a FIAT e a RENNAULT já haverem confirmado a manutenção dos seus planos de investimento e expansão, segundo o… Read more »

gaitero

Primeiramente quero dizer que o brasil não crescerá 0.5%, isto é para um cenario global mais que pessimista.
O crescimento será proximo de 3%.

E por fim, não haverá redução dos lucros visto que o país continuará crescendo.
Mesmo que o crescimento fosse de 0% ainda assim teriamos os mesmos recursos atuais.
Ou seja não haverá cortes.

ARCANJO

Justiça se feita, podemos até discordar de aspectos do tal PLANO NACIONAL DE DEFESA, mas pelo menos tivemos um. Por outro lado, até que este governo melhorou pelo menos a verba de custeio e liberou algum trocado para investimentos nas forças armadas. Para quem viveu 8 anos sob o controle do PSDB, que, históricamente, tem horror dos assuntos militares e nenhuma sensibilidade geo-política já foi um ganho. Mas, no plano economico-financeiro, evidentemente que as coisas mudaram e o que veio foi tsunami mesmo e não marolinha … Os efeitos serão inevitáveis, em maior ou menor gráu. O nosso PIB pode… Read more »

[…] ea credibilidade da nossa única Frota e ainda investir no reaparelhamento. Veja o post completo clicando aqui. Post indexado de: […]

[…] DO BLOG: No dia primeiro de dezembro de 2008 publicamos um post do BlogNAVAL intitulado “Plano de Reaparelhamento em xeque?, já prevendo que a depressão econômica mundial iria afetar o orçamento das Forças Armadas. […]

[…] de penúria das forças navais brasileiras. Desde o Comando da Marinha anterior que se aguarda uma decisão do Governo sobre a aprovação do Plano de Reaparelhamento de apenas R$ 6 bilhões, para ser empregado ao longo de 20 anos pela Força […]