USS Fletcher (DD-445)

Ao relembrar os conflitos navais da Segunda Guerra Mundial, poucos navios exemplificam a tenacidade e a eficácia da Marinha dos EUA como os destróieres (contratorpedeiros) da classe Fletcher (nome em homenagem ao almirante Frank F. Fletcher). Esses navios, com seu design distintivo e capacidade robusta, desempenharam um papel crítico em muitas operações navais e consolidaram-se como uma das classes de destróieres mais icônicas e versáteis da história naval dos EUA.

Origens e Design

À medida que os anos 1930 avançavam, e com a ameaça de uma guerra global tornando-se cada vez mais evidente, a Marinha dos EUA percebeu a necessidade de um destróier mais moderno e capaz. A necessidade urgente de navios superiores resultou na concepção da classe Fletcher.

Os Fletchers, com um deslocamento padrão de cerca de 2.500 toneladas, foram projetados para serem maiores e mais fortes que seus antecessores. Medindo 114,7 metros de comprimento e 12,1 metros de boca, eram extremamente ágeis em combate.

Os navios eram equipados com quatro caldeiras a óleo, geralmente da marca Babcock & Wilcox, que alimentavam duas turbinas a vapor de engrenagens da Westinghouse (em alguns casos, da General Electric). Estas turbinas eram do tipo de contra-pressão, o que significava que o vapor era expandido parcialmente em uma turbina de alta pressão e depois totalmente em uma de baixa pressão.

As turbinas a vapor geravam uma potência total de cerca de 60.000 shp (shaft horsepower), o que permitia que os navios atingissem velocidades de até 38 nós, embora na prática, muitas vezes operassem a velocidades mais baixas para economizar combustível e aumentar a autonomia.

Equipados com grandes tanques de combustível, os destróieres da classe Fletcher tinham uma excelente autonomia, podendo operar por longos períodos no mar sem reabastecimento. Sua autonomia era de cerca de 5.500 milhas náuticas a 15 nós.

Além das turbinas principais, os navios possuíam sistemas auxiliares a vapor para fornecer energia para uma variedade de outras funções, incluindo geração de eletricidade, aquecimento e outros sistemas essenciais.

A principal bateria do Fletcher consistia em cinco canhões de 127 mm (5 polegadas) em montagens de torres individuais, que eram suplementadas por uma série de armas antiaéreas e dez tubos lança-torpedos. Além disso, eles foram equipados com sonares de última geração e outros equipamentos de detecção, tornando-os aptos para combate anti-submarino.

Corte seccional do destróier classe Fletcher – clique na imagem para ampliar

Serviço na Segunda Guerra Mundial

USS Strong (DD 467), afundado em 5 de julho de 1943 por um torpedo inimigo que se acredita ter percorrido uma das maiores distâncias já registradas em tempo de guerra. Dos 280 tripulantes, 46 marinheiros foram perdidos

Os Fletchers entraram em serviço no auge da Segunda Guerra Mundial. No total, 175 destróieres dessa classe foram construídos, o que os torna a maior classe de destróieres já produzida pelos EUA. Eles viram ação em todos os principais teatros de guerra, desde o Atlântico até o Pacífico.

No Pacífico, desempenharam um papel crucial em batalhas icônicas como a de Leyte Gulf e Okinawa. Estavam frequentemente na vanguarda dos combates, escoltando porta-aviões, bombardeando posições inimigas na costa e protegendo outros navios de ataques de submarinos e aeronaves.

Seu design robusto e capacidade de combate os tornaram notavelmente resilientes. Em várias ocasiões, navios da classe Fletcher sofreram danos graves mas, devido à sua construção superior e à determinação de suas tripulações, conseguiram retornar ao combate ou a portos seguros.

Fletchers e destróieres de outras classes na reserva dos Estados Unidos nos anos 1950

Dezenove Fletchers foram perdidos durante a Segunda Guerra Mundial; mais seis foram danificados, avaliados como perdas totais construtivas e não reparados. No pós-guerra, o restante foi desativado e colocado na reserva.

  • De Haven, afundado por aeronaves japonesas na Ilha Savo, 1º de fevereiro de 1943;
  • Strong, afundado por um grupo de destróieres japoneses operando no Golfo de Kula, 5 de julho de 1943;
  • Chevalier, afundado após ser torpedeado por um destróier japonês e acidentalmente abalroado na Batalha Naval de Vella Lavella, 6 de outubro de 1943;
  • Brownson, afundado por aeronaves japonesas ao largo do Cabo Gloucester, 26 de dezembro de 1943;
  • Hoel, afundado por navios de superfície japoneses na Batalha de Samar, 25 de outubro de 1944;
  • Johnston, afundado por navios de superfície japoneses na Batalha de Samar, 25 de outubro de 1944;
  • Abner Read, afundado por kamikazes no Golfo de Leyte, 1º de novembro de 1944;
  • Spence, naufragado no tufão Cobra, 18 de dezembro de 1944;
  • Halligan, perdido em uma mina perto de Okinawa, 26 de março de 1945;
  • Bush, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 6 de abril de 1945;
  • Colhoun, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 6 de abril de 1945;
  • Pringle, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 16 de abril de 1945;
  • Little, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 3 de maio de 1945;
  • Luce, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 4 de maio de 1945;
  • Morrison, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 4 de maio de 1945;
  • Longshaw, afundado após encalhar e receber forte fogo na costa ao sul de Naha, Okinawa, 18 de maio de 1945;
  • William D. Porter, afundado por um kamikaze em Okinawa, 10 de junho de 1945;
  • Twiggs, afundado por kamikazes ao largo de Okinawa, 16 de junho de 1945;
  • Callaghan, afundado por biplanos kamikaze Yokosuka K5Y ao largo de Okinawa, 28 de julho de 1945;
  • Newcomb, danificado por kamikazes ao largo de Okinawa, 6 de abril de 1945. Desativado em 20 de novembro de 1945. Vendido para sucata em 28 de março de 1946;
  • Leutze, danificado por kamikazes ao largo de Okinawa, 6 de abril de 1945. Desativado em 6 de dezembro de 1945. Vendido para sucata em 17 de junho de 1947;
  • Hutchins, danificado por um barco suicida ao largo de Okinawa, 27 de abril de 1945. Desativado em 30 de novembro de 1945. Vendido para sucata em janeiro de 1948;
  • Haggard, danificado por kamikazes ao largo de Okinawa, 29 de abril de 1945. Desativado em 1 de novembro de 1945. Vendido para sucata em 3 de março de 1946;
  • Evans, danificado por kamikazes ao largo de Okinawa, 11 de maio de 1945. Desativado em 7 de novembro de 1945. Vendido para sucata em 11 de fevereiro de 1947;
  • Thatcher, danificado por kamikazes ao largo de Okinawa, 20 de maio de 1945. Desativado em 23 de novembro de 1945. Vendido para sucata em 23 de janeiro de 1948.

Legado e Uso Pós-guerra

O USS Fletcher DD-445 nos anos 1960, após modernização com novos sensores e armamento. No lugar da segunda torre de canhão de 5 polegadas na proa foi instalado um lançador do foguete antissubmarino RUR-4 Alpha

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos destróieres da classe Fletcher continuaram a servir em vários papéis. Eles viram ação na Guerra da Coreia e até mesmo na Guerra do Vietnã, demonstrando sua durabilidade e adaptabilidade. A medida que novos navios eram desenvolvidos e a tecnologia avançava, muitos Fletchers foram modernizados, com atualizações em seus armamentos e sistemas de radar.

Vários Fletchers foram transferidos para marinha de países aliados através de programas de assistência militar. Navios dessa classe serviram em marinhas de países como Brasil, Grécia, Turquia, México e Espanha, demonstrando o respeito global pela eficácia do design.

Apesar de todos terem sido eventualmente descomissionados pela Marinha dos EUA, o legado dos Fletchers persiste. Alguns foram preservados como navios-museu, permitindo que gerações futuras testemunhem em primeira mão a potência e a história desses incríveis destróieres.

Exercício durante a Guerra Fria: dois destróieres classe Fletcher cercam um submarino mergulhado enquanto um avião S-2 Tracker dá um rasante com o MAD estendido para confirmar a posição do submarino

Os Fletchers na Marinha do Brasil

Cruzador Tamandaré escoltado por quatro contratorpedeiros da classe “Pará” (Fletcher)

A partir de 1959, a Marinha do Brasil começou a receber da reserva da U.S. Navy, destróieres (contratorpedeiros) da classe “Fletcher”, num total de 7 navios. Foram eles:

Contratorpedeiro Pará (D-27)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Guest (DD-472)
  • Ano de transferência: 1959

Contratorpedeiro Paraíba (D-28)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Bennett (DD-473)
  • Ano de transferência: 1959

Contratorpedeiro Paraná (D-29)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Cushing (DD-797)
  • Ano de transferência: 1960

Contratorpedeiro Pernambuco (D-30)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Hailey (DD-556)
  • Ano de transferência: 1961

Contratorpedeiro Piauí (D-31)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Lewis Hancock (DD-675)
  • Ano de transferência: 1967

Contratorpedeiro Santa Catarina (D-32)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Irwin (DD-794)
  • Ano de transferência: 1968

Contratorpedeiro Maranhão (D-33)

  • Navio original da Marinha dos EUA: USS Shields (DD-596)
  • Ano de transferência: 1972

Conclusão:

Os destróieres da classe Fletcher não são apenas uma testemunha do engenho naval dos EUA, mas também um símbolo do espírito de determinação e resiliência. Seu serviço prolongado, que abrangeu várias décadas e guerras, é um testemunho de seu design superior e da habilidade daqueles que os serviram. Em uma era definida pela inovação e pela necessidade de supremacia naval, a classe Fletcher destacou-se como um pilar de confiabilidade e força no vasto arsenal naval dos EUA.

SAIBA MAIS:

Poder Naval visita contratorpedeiro USS Kidd nos EUA

Mais fotos do contratorpedeiro USS Kidd – DD 661

Modelo campeão do Contratorpedeiro ‘Santa Catarina’ (D32)

 

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Wiillber Rodrigues

Navio valente, minha classe de navios preferida da WWII. Teve a sorte de ser o navio certo, pra época certa, demonstrando toda sua valentia e utilidade naquela guerra.
O azar da IJN era não ter nada parecido, mas resolveram gastar o que não tinham na classe Yamato…

Gerson Carvalho

Tive o prazer de conhecer todos os da MB e servir no Contra Torpedeiro D-33 Maranhão até seu descomissionamento. Fazia 31 nós com as 4 caldeiras ligadas.

Dalton

Quase 15 anos antes do “Fletcher” entrou em serviço na marinha japonesa o “Fubuki” líder de uma classe de 20 unidades armados com 6 canhões de 5 polegadas e impressionantes 12 tubos de torpedos de 24 polegadas e outras classes ainda melhores surgiram depois, só que a realidade da guerra ou mesmo pouco antes dela mostraria o valor do avião e os “destroyers” da US Navy basicamente sem querer alongar-me tinham canhões de duplo emprego superfície/AA e radares muito superiores. . O Japão encontrava-se em um dilema pois não tinha a capacidade industrial dos EUA e por conta de Tratados… Read more »

Esteves
Last edited 1 ano atrás by Esteves
Dalton

Era o que havia de melhor ! Os EUA “acomodaram-se” com muitos navios construídos durante a I Guerra já um tanto quanto ultrapassados em apenas uma década, mas sem inimigos a vista, preocupados com assuntos internos mesmo assim deixaram claro que poderiam construir rapidamente grande quantidade de todos os tipos de navios o que acabou concretizando-se para infelicidade do Japão.

Esteves

Eu fico embasbacado com a velocidade desses navios da segunda guerra. O canhão como arma principal exigia velocidade e manobrabilidade do navio.

Hoje com os mísseis, fazem navios mais capazes e mais lentos confiando nas contramedidas. E mais econômicos também…olhando para o consumo.

A guerra veio moldando os navios ou os navios foram construídos levando em conta fatores internos como as capacidades econômicas e industriais de cada país?

Dalton

As duas coisas em maior ou menor grau. Os japoneses por exemplo conseguiram construir apenas 1 NAe de primeira classe durante o período de 1942 a 1945 o “Taiho” de 1944 a maioria dos NAes sendo conversões de navios auxiliares e de passageiros ou seja tiveram que improvisar muito mais que os EUA. . Por outro lado a medida que surgiam novas ameaças como aviões mais velozes e capazes, navios passaram a receber canhões AA melhores, munições mais eficazes como as de espoleta de proximidade e também radares mais capazes e essas melhorias entre outras tiveram impacto nos projetos de… Read more »

Esteves

Grato por responder.

Fernando "Nunão" De Martini

“O canhão como arma principal exigia velocidade e manobrabilidade do navio.” A arma principal dos contratorpedeiros, no início da IIGM era o torpedo. Os canhões prestavam-se principalmente para defesa do navio e da esquadra contra ataques de contratorpedeiros (e torpedeiros) adversários e para apoiar o ataque com torpedos. O torpedo era a principal arma ofensiva e capaz de fazer um navio do porte do contratorpedeiro ser capaz de afundar um cruzador ou encouraçado. Porém, sem guiagem (corrida reta) o torpedo tinha mais chance de atingir o alvo quando disparado em salvas e a pouca distância. Daí a necessidade de alta… Read more »

Esteves

Grato por iluminar.

Esteves

Eu penso que o cinema contribuiu para essa visão Estevesiana. Torpedo é arma de submarino, canhão é arma de navio.

Venceu, a ameaça aérea. Retiraram canhões, acrescentaram mísseis, mantiveram torpedos, aumentou o deslocamento, as máquinas ficaram mais capazes mas, os navios mais lentos para carregar tudo que existe em um ou o que cabe.

Voltamos à importância da supremacia aérea…também no mar.

Dalton

O cinema também mostrou torpedos lançados por aviões Esteves não viu ? 🙂

Esteves

Viu.

Vi histórias também. Registrei meu inconformismo com o afundamento do HMS Prince of Wales por torpedos japoneses. Aquilo não se faz. Aquilo não foi justo. Aquilo foi totalmente imoral.

Vai ter troco!

Alex Barreto Cypriano

Mestre Dalton, me sinto honrado em poder ler um comentário tão legal.

De nada, Esteves!

Ivan

Kkkkk… 😉

Alex Barreto Cypriano

Desculpe, Nunão, eu me confundi. Os óculos, sabe? Fiquemos assim: aindo deixo meus cumprimentos ao mestre Dalton pelos seus outros comentários igualmente felizes e transfiro integralmente o elogio despistado ao seu alvo legítimo: estou honrado em poder ler aquele seu comentário tão legal, Nunão.

Obrigado.
Salamaleques para você também!

Jagder#44

Sou fã dessa classe.
Consigo enxergar traços dela nos DDs modernos tais como os da classe Spruance e AB.

Esteves

Eu…eu…consigo enxergar um navio. Com traços de um navio…no mar.

Fernando "Nunão" De Martini

Vai enxergando. Um dia você você chega lá.

Mas é fato que estabeleceram um padrão.

Orivaldo

Não se esqueça das ondas do mar

Esteves

Enxergas uma AB nessa Fletcher?

Alex Barreto Cypriano

Na década de 1950 descobriram que as condições de habitabilidade dos navios era importante pras tripulações. Os navios da Segunda Guerra Mundial, inclusos os Fletchers possuíam pobres condições de habitabilidade: alojamentos com dezenas ou centenas de homens acomodados em ‘bunks’ com colchões finos e instalações sanitárias coletivas, ambos com falta de ventilação, nenhuma privacidade e espaços exíguos de armazenagem de ítens pessoais. Ainda, os espaços para deambulação e móveis dos refeitórios eram insafisfatórios. Fizeram estudos e nos 1960 criaram padrões mais aceitáveis pro design dos espaços habitáveis a bordo, das instalações sanitárias e alojamentos, passando por padrões de iluminação, armazenagem,… Read more »

Esteves

“As condições de habitabilidade listadas são, infelizmente, representativas da grande maioria dos navios inspecionados pelo Conselho desde que estou aqui. Acredito firmemente que isso afeta fortemente a taxa de envio na Marinha hoje, como evidenciado pelo fato de que todas as reclamações (não solicitadas) que me chamam a atenção durante essas inspeções se concentram quase exclusivamente na falta até mesmo dos padrões mais elementares de vida decente. É ruim o suficiente compartilhar um “quarto” com 150 homens, mas quando a ventilação é tão ruim a ponto de ser incapaz de manter o compartimento livre de odores corporais desses 150 homens,… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Taxa de envio é uma tradução ruim de shipping-over rate. Shipping-over rate seria melhor traduzido, no contexto, por taxa de alistamento/realistamento. Bem, em tempos de guerra se tolera condições sofríveis de habitabilidade em nome do esforço de guerra mas, em épocas ‘de paz’, as condições ruins de habitabilidade fazem as pessoas pensarem duas vezes se querem servir ou retornar ao serviço. Num Nimitz, cada alistado tem meros 2,5 metros quadrados de área pra viver (fora áreas operacionais e de missão, entendido?) ao passo que oficiais têm uns 9 metros quadrados. Por padrão, em terra, uma habitação (popular, por exemplo) que… Read more »

Esteves

Não tenho certeza de quando isso começou. Essa atenção para com a produtividade e contra ambientes agressivos que afetam a saúde e a habitabilidade. A ergonomia ganhou suas primeiras definições em 1949 vinda justamente desses ambientes de guerra. Lembro de um vídeo sem lembrar da autoria se da IBM ou da Motorola. Recomendavam uma “pestana” de 10 minutos na mesa de trabalho…coisa antiga isso…mesa de trabalho…para combater a sonolência e aumentar a disposição. A Lojas Cem tem uma história da rosa. Cada colaboradora ganhava 1 rosa. Um salão enorme com dezenas de mesas de trabalho, cada mesa com sua rosa… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Flores em ambientes de trabalho eram obrigatórias no regime nazista: era a maneira deles dizerem que melhoraram as condições do trabalho. E melhoraram muitas coisas, mesmo. Faziam concertos de música erudita nas fábricas. Imagina o trabalhador cansado que não entendia nada de música ter de fazer serão pra ouvir o concerto obrigatório sob a supervisão do gerente…

Wiillber Rodrigues

“Ao menos se os militares daqui fossem algo menos implacavelmente insensíveis consigo próprios…”

Depende.
Pros oficiais pra cima, a vida é totalmente tolerável e confortável.
Já do sub-oficial pra baixo…

Fernando Vieira

Muitos anos atrás quando o canal Discovery passava documentários interessantes e não só esses realities de qualidade duvidosa, passou um que acompanhava a tripulação de um classe Nimitz em um desdobramento de seis meses no Golfo Pérsico. Eles escolheram alguns personagens desde claro o capitão e alguns pilotos até as pessoas comuns do navio. Um deles passou a viagem reclamando que se alistou na marinha para lutar e estava ali limpando privadas no navio. Quando o navio volta para o porto nos EUA está ele lá limpando privadas: “É, eu me realistei. Vou passar mais seis meses limpando privada. Viva… Read more »

Alex Barreto Cypriano

A US Navy pensou nesse carinha quando substituiu os tipos de vasos, mictórios e lavatórios, alterou os layouts e revestimentos pra facilitar a limpeza. Antes era muito pior.

Jagder#44

Imagine como eram essas condições antes, na época dos dreadnoughts.

Alex Barreto Cypriano

Lembro vagamente de que em antigos encouraçados de entreguerras havia muita sobreposição de atividades num mesmo ambiente, digamos, comer e manipular canhões e munições. O mesmo em submarinos da época e até bem posteriores – falavam jocosamente do gosto de óleo diesel na comida…

Wiillber Rodrigues

E isso porque na época já havia um certo conhecimento de medicina e de higiene.
Agora imagine as condições a bordo na época das Grandes Navegações…muito mais fácil morrer de escorbuto ou doenças, do que em combate.
Lembram de “O Mestre dos Mares”?

Alex

Verdade, põe precariedade nisso. Servi um ano num Fletcher da marinha alemã. Alojamento desumano, com mar ruim e tempestade entrando muita água (sempre) pelos dutos de ventilação. Tu já entra molhado na cama. 40 cm entre teu colchão e o do cara de cima. Na popa, direto abaixo da torre do canhão, sem ligação entre alojamento e o restante do navio. Só pelo convés, de noite e na tempestade, um inferno, imaginem então na guerra…

Franz A. Neeracher

Interessante que na Marinha da Alemanha Federal (na época) esses navios não receberam nomes..

Eram os Z1 até Z6 se não me falha a memória.

Dalton

Como alguém que começou a gostar de navios a partir da “Kriegsmarine” ainda muito jovem, provavelmente porque era “pequena” e portanto mais fácil de guardar nomes e características principais de seus navios, a partir de alguns livros do meu pai, como curiosidade para quem não souber é que os 22 primeiros DDs incorporados entre 1937/1939 receberam nomes mas daí para frente, 1940 apenas, os indicativos, começando com o Z 23, o “Z” de “Zerstorer” equivalente a “destroyer” em inglês.

Franz A. Neeracher

Jovem Dalton

Na realidade Z1 por exemplo não era o indicativo….na época os 6 “Fletcher” na Alemanha Federal eram os seguintes:

Z1 D170
Z2 D171
Z3 D172
Z4 D178
Z5 D179
Z6 D180

Ou seja, o indicativo era D…

Dalton

Estava referindo-me aos da II Guerra Franz, “Kriegsmarine” que do Z 1 ao Z 22 receberam nomes, daí em diante apenas letras e números, Z 23 em diante enquanto durou a guerra e esse sistema, sem nomes chamados simplesmente de Zerstorer 1 a 6 com os indicativos D 170 a D 180 aos 6 dado aos “Fletchers” da marinha pós guerra até que depois voltou-se a dar nomes como “Lutjens” e “Rommel”.

Alex Barreto Cypriano

Desculpem pelos erros de concordância no meu comentário, devia ter prestado mais atenção ao texto. E corrijo-me: em vez de waterproof bulkheads, leia-se watertight bulkheads (anteparas estanques). Deve ser idade…

Esteves

Foi no USS Kidd que filmaram as cenas de Greyhound. Cinema é cinema mas, se nas batalhas o navio comportou-se como mostraram no filme…eita naviozão.

Leandro Costa

Não confundir o Almirante Fletcher homenageado pela classe com o outro Almirante Fletcher, que também ganhou a medalha de honra em Vera Cruz e que estava em comando da FT do Yorktown em Midway. Esse era o sobrinho do homenageado 😛

Dalton

Verdade Leandro, porém o segundo “Fltecher” da classe Spruance homenageou justamente o da batalha de Midway que não comandava apenas a “FT do Yorktown”
mas estava no comando geral incluindo os outros 2 NAes.

Salomon

É muito kamikaze. Imagine…

IvanF

Quase 70% das perdas por Kamikaze e aviões.
Dá pra ver que não é de hoje que o grande inimigo dos navios são os aviões.

E curioso que nenhum Fletcher foi afundado por submarinos.

Dalton

Apenas coincidência e no fim das contas houve poucos casos de “destroyers” afundados por submarinos, que sempre que possível mantinham-se à distância desses
que eram seus predadores naturais.
.
Pelo menos dois dos poucos afundados por submarinos foi de forma fortuita, com o USS Hammann atracado ao NAe USS Yorktown, portanto indefeso e o USS O’Brien atingido por um torpedo que tinha como alvo o NAe USS Wasp mas continuou seu curso após errar.

Macgaren

Boas oportunidades para a marinha.

Fernando "Nunão" De Martini

Oportunidades muito bem aproveitadas entre o final dos anos 50 e os anos 60 com 7 navios dessa classe incorporados à MB (está na matéria).

E quase foram construídos aqui, na segunda metade dos anos 40.

Wiillber Rodrigues

“E quase foram construídos aqui, na segunda metade dos anos 40.”

Poderia dar mais detalhes disso, por favor?

Fernando "Nunão" De Martini

Depois da construção dos três contratorpedeiros classe M (versão dos Mahan americanos) e enquanto se construíam a seis da classe A (um híbrido de casco de projeto britânico com maquinário e armas americanas, de deslocamento um pouco menor que os M), no último ano de guerra a Marinha planejou continuar a construção de contratorpedeiros para cumprir todo o programa naval, com mais três ou quatro navios. E os americanos repassaram planos da classe Fletcher, sendo negociado também um programa de nacionalização de componentes consideravelmente maior que o das classes anteriores. Mas o fim da guerra (que também desacelerou a construção… Read more »

109F-4

Belo navio. Só não entendi o porquê da 5ª torreta, quase a meia-nau.

Fernando "Nunão" De Martini

O motivo é ter cinco canhões em vez de quatro… O padrão estabelecido pelos britânicos no final da Grande Guerea, para contratorpedeiros, foi de quatro canhões principais superpostos (dois à proa e dois à popa). Vários países seguiram esse padrão, outros fizeram variações. Aumentar o poder de fogo é sempre um objetivo. O quinto canhão, mais ou menos à meia nau, foi introduzido na USN na primeira classe do entre-guerras, a Farragut, de 1500t de deslocamento leve, e quase todas as que se seguiram tentaram manter um padrão de cinco canhões de 127mm de dupla função. A classe Mahan que… Read more »

Esteves

Explicado. Quem quis 4 instalou 4. Quem preferiu 5, botou 5.

Jagder#44

Salvo engano eles adotaram as 5 torres na classe Sims.

Last edited 1 ano atrás by Jagder#44
Dalton

Não, mas, na década de 1930 foram incorporados 12 um pouco maiores armados com 8 canhões de 5 polegadas para serem usados como líderes de esquadrões, os canhões não sendo de duplo emprego mais úteis contra navios do que aviões, apesar de que durante a guerra o número de canhões ter sido reduzido aumentando-se o número de canhões AA ou mesmo substituindo os canhões principais pelos de duplo emprego.

Esteves

Canhões de duplo emprego. Evoluíram bastante.

Olha só…quem aparecia como visitante comentando aqui e ali, opinando acolá, esclarecendo. Contribuindo desde. E mesmo lá…passados 15 anos já era Nunão.

https://www.naval.com.br/blog/2008/08/25/bofors-57mm-mk2/

Ótima semana para todos.

LucianoSR71

Na MB ganharam o apelido de bico fino, juntamente c/ os outros CTs/Destroyers das classes Gearing e Allen M. Sumner. Lembro quando era adolescente de uma visita ao CT Santa Catarina e como os tripulantes destacavam orgulhosos que era o navio Fita Azul da Esquadra com mais de 34 nós, creio que esse recorde ainda esteja valendo.

Dalton

Maurilio Joucoski, um amigo, serviu nele entre o fim da década de 1970 e início da década de 1980, me trouxe um boné do navio – que usei até estragar – e um do “Minas Gerais” que conservei.
.
Infelizmente foi criminosamente atropelado poucos anos após ter saído da marinha – o culpado nunca foi encontrado – então seu comentário reavivou minha memória e foi ele
que me contou sobre o significado do “Fita Azul” que continua valendo.

LucianoSR71

Sinto muito pelo seu amigo. Eu sempre que visitava navios da MB ou a Base Aérea de Salvador puxava conversa com os militares, algumas ficaram na minha memória como quando numa das Niteroi conversei com um dos responsáveis pela manutenção do Lynx e falei sobre sua alta velocidade máxima, ele me disse que eles nunca aceleravam muito pois a vibração no helicóptero ficava muito grande e acabava danificando os equipamentos eletrônicos a bordo, já no Minas falei sobre a capacidade do Sea King pousar na água e um da equipe me disse que eles nunca faziam isso na MB pois… Read more »

Otto Lima

A propósito, ainda na Segunda Guerra Mundial, houve um outro contratorpedeiro com o nome USS Strong (DD 758), da Classe Allen M. Summer, que aliás foi desenvolvida a partir da Classe Fletcher. Em 1973, o USS Strong (DD 758) foi transferido para a Marinha do Brasil, onde serviu como o CT Rio Grande do Norte (D37) de 1973 a 1996.

André Gomes

Em breve estarei fazendo a maquete dele.