Marinha terá que dominar projeto de submarino convencional antes de construir o nuclear

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Fonte: Agência Brasil

Brasília – O Programa Nuclear da Marinha – embora esteja associado ao eventual desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear – não resultará necessariamente na fabricação da embarcação. Ainda que o domínio de todo o ciclo de produção do urânio e a construção de um laboratório nuclear de geração de energia
elétrica proporcionem as condições tecnológicas para isso, a embarcação ainda vai depender de decisão política. A informação consta de documentos divulgados pela Marinha com explicações sobre o programa.

Segundo o superintendente do Programa Nuclear, comandante Arthur Campos, há setores da sociedade que compartilham do interesse militar em construir o submarino, considerado essencial para países que, por razões diversas, não têm condições de exercer o pleno domínio de seu mar territorial, mas necessitam impedir que outras nações o façam.

“Entendemos que um submarino com propulsão nuclear é um dos recursos que o Brasil, com essa costa toda, precisa ter”, afirma Campos. “A cada dia que passa, as riquezas e o potencial do nosso mar territorial são comprovados e isso tem que ser protegido. O uso de submarinos é um dos recursos que garantem nossa soberania”, acrescenta.

Mais que depender da vontade política, antes de partir para a construção do submarino nuclear a Marinha terá que ser capaz deprojetar e construir submarinos convencionais. Embora já os fabrique desde 1980, o Brasil ainda utiliza projetos alemães.

Na última sexta-feira (29), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, adiantou que o destaque do Plano Estratégico de Defesa Nacional que será anunciado no próximo dia 7, Dia da Independência, será o investimento no submarino nuclear. Ele revelou que um acordo de R$ 1
bilhão será assinado com o governo francês em dezembro deste ano. O documento prevê a troca de tecnologia para fomentar a construção de cascos e sistemas eletrônicos para submarinos.

A Marinha alega que o submarino nuclear é vital para defender as riquezas e os interesses nacionais, principalmente agora que o país reivindica à Organização das Nações Unidas (ONU) a extensão de suas águas jurisdicionais. Isso vai acrescentar 950 mil quilômetros quadrados ao território marítimo brasileiro, uma área equivalente quase à soma dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

É para patrulhar essa imensa área oceânica de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 52% de todo o território terrestre brasileiro, que a Marinha precisa se reaparelhar por meio da
construção, modernização ou aquisição não apenas de submarinos – sejam convencionais, sejam nucleares -, mas também de navios e helicópteros.

Somente o primeiro estágio desse reaparelhamento, considerado prioritário, está orçado em R$ 5,8 milhões a serem aplicados em sete anos. A expectativa é de que as metas traçadas no Programa de Reaparelhamento da Marinha, apresentado pelo Ministério da Defesa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho de 2007, sejam integradas ao Plano Estratégico Nacional de Defesa que deverá ser anunciado neste 7 de Setembro.

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Bosco

Ah! Agora entendi! Agora a conversa é esta? E o SNB para 2020?

LeoPaiva

Concordo com a reportagem quando ela fala que devemos dominar o projeto de construção de subs convencionais, pois uma coisa é comprar o projeto pronto e construir outra coisa é desenvolver esse projeto, embora isso seja caro e demorado. A própria Alemanha está sofrendo com o seu projeto do U-214 da Grécia, e olhe que o U-214 é baseado na experiência do U-212 com o U-209 bastante melhorado, imagine para nós, começar-mos praticamente do zero. EM TEMPO : Ouvi dizer que algumas peças do nosso sub nuclear, como os eixos e hélices, foram fabricados aqui e enviados para a Inglaterra… Read more »

Iuri Korolev

Na minha modesta opinião penso que é perda de tempo e de nossos(escassos) recursos fazer primeiro submarinos convencionais, já que não é este o nosso objetivo final. Os países mais desenvolvidos seguiram este caminho porque o submarino nuclear é um artefato pós 2ª guerra, só surgiu recentemente, na década de 50. Como engenheiro posso te dizer com certeza que fazer um produto para depois querer fazer outro não é de muita ajuda pois os principais “pepinos” técnicos só aparecerão depois, ao fazer o nuclear. Aliás já temos alguma tecnologia nos convencionais. Você vê a Alemanha (poderosa tecnicamente) está enrolada com… Read more »

Mauricio R.

Será que os alemães, estão tendo realmente tantos problemas c/ os submarinos “Type 214”??? Ou tem muito jornalismo marrom, prá promover o “Scórpene”??? Um dos submarinos chilenos por muito pouco, não foi a pique durante os ensaios de mar do fabricante. Mas parece que a camera torta no periscópio do “Type 214” grego tem rendido muito + comentários negativos. Enquanto isso, Portugal recebeu seu primeiro “Type 209PN”, um “Type 214” em tdo menos o nome, a Turquia está encomendando 6 “Type 214” e a Itália + 2 “Type 212” e a India já está reclamando da falta de transferencia de… Read more »

Bosco

Mas o sub nuclear já não era certo?
Não estou entendendo mais nada.

Baschera

Caro LeoPaiva,
Acerca do assunto do eixo do SNB fui eu quem postou sobre o assunto…se não me falha a memória em resposta ao colega Mauro.
Na verdade o que foi remetido foi um eixo para ter um certo tratamento industrial só possível de ser feito lá na Inglaterra.
Quem está cuidando do caso é a justiça, não se de lá ou daqui.
Sds.

Hornet

Baschera, de acordo com o post do colega Leo Paiva, e se entendi bem, a Inglaterra não quer devolver o eixo por se tratar de parte de uma arma nuclear, certo? Então, uma dúvida me ocorreu agora: e se os ingleses empacarem (tipo burro empacador) e não quiserem liberar o retorno do eixo para o Brasil? Vamos fazer o quê? Bater na porta da Rainha e cantar “God save the Queen”???!!!! Ou então, construir um Sub Nuclear movido a remo???!!! Tomara que o Ministério da Justiça, o Itamaraty ou seja lá quem for que esteja cuidando deste caso saiba muito… Read more »

pablo

nao creio que essa noticia seja veridica…
bom, se o eixo foi retido quer dizer que ele e funcional… com certeza o Brasil tem uma copia desse eixo, por que pedir auxiliao junto aos franceses e testarmos esse eixo aqui no Brasil, ficariamos ainda mais independentes em relacao a embarcacoes militares…
outra pergunta, eles nao poderia “roubar” essa tecnologia da nossa helice e eixo(isso se tiver) ?!?!?!?! nao seria um caso de espionagem/sabotagem industrial ?

LeoPaiva

Caro Iuri Korolev, não sei se foi uma boa idéia da MB queimar uma etapa pulando o projeto do sub convencional, disse apenas que concordo que deveríamos ter “também” um projeto de sub convencional, não podemos abrir mão desssa arma como os EUA fizeram, isso deveria ser um de nossos objetivos finais também.Se não temos dinheiro, royalties, e bla bla bla, é outra estória.

Obrigado Baschera pelo esclarecimento, isso abre um precedente muito ruim, se os grandes boicotam até peças de metalurgia, imagine quando chegar a hora dos equipamentos eletrônicos e armas de uma forma geral.

SDS

LM

A verdade é que não existe consenso dentro da própria MB sobre a construção e operação de NAe e SSN. Há sérias divergências entre nossos oficiais-generais.
Os dois últimos comandantes da MB, almirantes Guimarães Carvalho e Moura Neto, fazem parte do grupo favorável aos NAe e SSN. Em razão disso, a MB está levando adiante o projeto do SSN e a modernização do NAe São Paulo e dos AF-1.

Nelson Lima

Nosso maior ministro da Marinha foi Maximiniano da Fonseca.Com ele deslancharam os grandes projetos de construção nacional da Marinha, entre eles o submarino nuclear. Ele previa a etapa do SNAC antes do submarino nuclear.Outra decisão sábia da MB é a doutrina de garantir a furtividade do submarino utilizando torpedos e não SSM.Provavelmente chegaremos ao torpedo nacional avançado equivalente às últimas versões do mk.48 juntamente com o submarino nuclear.

Nelson Lima

Maximiliano da Fonseca

Iuri Korolev

Caros LeoPaiva e Nelson Lima
Tem um artigo da Folha de SP no Defesanet que dá a entender que a Marinha pensa em patrulhar a costa (incluindo o tão propalado pré-sal) com subs convencionais.
O nuclear seria para um futuro em caso de conflito com uma potência mais poderosa.Para patrulha de rotina na costa, com os vários portos que o Brasil tem, não seria necessário um nuclear, bastariam os convencionais (inclusive com custos de operação mais baixos).
Pelo menos agora acho que entendi melhor esta questão.
Peço comentários de vocês que conhecem melhor a doutrina da Marinha.
Sds