Investimentos em programas navais estratégicos fortalecem a defesa do Brasil no mar

Mais de dois séculos se passaram desde que o Pavilhão Brasileiro foi erguido, pela primeira vez, no mastro de um navio de guerra. Se hoje a Esquadra do País conta com 99 meios navais, somados navios, submarinos e aeronaves, ela era formada por apenas seis naus quando foi criada, em 10 de novembro de 1822. Naquela época, o principal desafio era manter a integridade territorial do Brasil, após declarada sua independência. As missões, agora, são outras, mas a necessidade de uma Força Naval moderna e pronta para atuar permanece.

“A Esquadra Imperial nasceu e entrou em combate na Guerra da Independência, que a nossa história pouco realça, ficando a percepção corrente de que a Independência se ganhou no grito. Na verdade, somente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais aderiram de imediato. O restante do País teve de ser compelido a fazê-lo, em uma guerra que durou mais de um ano”, enfatiza o Contra-Almirante Guilherme Mattos de Abreu, um dos organizadores do livro “Esquadra 200 anos: livro de quartos 1822-2022”, da editora Letras Marítimas.

Aquela bandeira, hasteada a bordo da Nau “Martim de Freitas”, rebatizada de “Pedro I”, primeiro navio Capitânia da Esquadra brasileira, simbolizava a sua criação, há exatos 201 anos. Na ocasião, o primeiro brasileiro nato a exercer o cargo de Ministro da Marinha, Capitão de Mar e Guerra Luís da Cunha Moreira, esforçou-se para organizar a Força Naval do País, incorporando navios portugueses abandonados nos portos nacionais, recuperados pelo Arsenal de Marinha da Corte, e contratando marinheiros europeus, desmobilizados ao fim das Guerras Napoleônicas.

Desde então, o Brasil pouco se envolveu em embates de tamanha proporção. Dentre as que se destacam, estão a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) e a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), além da pouco conhecida Guerra da Lagosta (1961-1963), crise entre os governos do Brasil e da França, decorrente da pesca não autorizada a navios franceses, no mar territorial brasileiro. Embora a diplomacia seja a principal alternativa do País para a solução de conflitos, a Marinha e sua Esquadra continuam defendendo os interesses da Nação no mar.

Fragata Independência – F44 impediu navio de pesquisa estrangeiro de coletar amostras em águas brasileiras, no início deste ano

Já questionava, em 1923, o Capitão de Mar e Guerra Lawrence M. Overstreet, da Marinha de Guerra norte-americana: “A diminuição dos armamentos navais diminuirá as probabilidades de guerra?”. Segundo o Comandante, cujo artigo foi reproduzido pela Revista Marítima Brasileira deste mês, a decisão dos Estados Unidos de desativar sua Marinha após a independência, em 1776, comprometeu a capacidade de o País proteger seus navios mercantes do ataque de piratas no Mediterrâneo e de franceses, durante as Guerras Napoleônicas.

“A Marinha já passou por problemas análogos ao exposto por Overstreet, considerando o grau de prontidão da Esquadra. Ela era exclusivamente oceânica quando começou a Guerra da Tríplice Aliança, uma campanha tipicamente fluvial, que exigiu uma rápida adaptação, com a obtenção de novos meios”, avalia o Contra-Almirante Guilherme Mattos, acrescentando que o Brasil viveu a mesma dificuldade durante as Guerras Mundiais, em razão da falta de recursos no período. “Apesar de os navios serem relativamente novos, já eram obsoletos em função da rápida evolução tecnológica”.

O Brasil aprendeu com o passado?

O País provisionou nos últimos dez anos, em média, o correspondente a 1,32% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, enquanto outros países em desenvolvimento seguem avançando, como a Índia (2,4%), a Colômbia (3%) e o Chile (1,8%).

Um dos três submarinos da Esquadra, o “Tikuna” (S34), executa manobra de alta complexidade “hi-line”, com a aeronave SH-16 Seahawk

Máquinas avante

Parte do investimento na defesa nacional tem como destino os programas estratégicos da Força Naval, que incluem a renovação dos meios da Esquadra. O Programa de Submarinos da Marinha (PROSUB), por exemplo, deu mais um importante passo na construção do primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN) “Álvaro Alberto”. Em outubro, teve início a qualificação do estaleiro que ficará responsável por tirar o projeto do papel. Já a montagem do quarto submarino de propulsão diesel-elétrica – o “Angostura” – está em fase de finalização.

Nos próximos anos, um dos desafios para a Força de Submarinos é preparar os militares que operarão o SCPN “Álvaro Alberto”. “Este desafio será proporcional como à primeira imersão a bordo do F 1 na Itália em 1913 onde brasileiros, liderados por nosso patrono o Capitão de Fragata Felinto Perry, iniciaram a nossa jornada”, afirma o Comandante da Força de Submarinos da Marinha, Contra-Almirante Manoel Luiz Pavão Barroso.

Este ano, a Marinha também deu o pontapé inicial para a construção dos navios-escolta do Programa Fragatas Classe “Tamandaré”. Pelo menos 30% da produção da primeira unidade é nacional e esse percentual deve aumentar, gradualmente, a partir da segunda, ampliando a independência científica e tecnológica do País. A previsão é de que as quatro novas Fragatas comecem a operar na Esquadra entre 2025 e 2029, fortalecendo o poder de dissuasão, a projeção de força e a negação do uso do mar sob jurisdição do Brasil , também conhecido como Amazônia Azul, contra os interesses nacionais.

Fragata lançando o Míssil Antinavio Nacional de Superfície – MANSUP

Para potencializar o poder de fogo dos navios brasileiros, a Força Naval realizou, no primeiro semestre deste ano, mais um teste de qualificação do Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP), que faz parte do programa homônimo e que deve equipar as Fragatas da Classe “Tamandaré”. É um armamento desenvolvido com 100% de tecnologia nacional, que pode atingir velocidade transônica – próxima à do som -, com alcance de cerca de 70 quilômetros, voo em altitude “seaskimming” – rente ao mar – e com operação sob quaisquer condições climáticas.

Em outra ação que busca ampliar as capacidades dos meios da Esquadra, a Marinha ativou, no ano passado, o 1º Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (EsqdQE-1), que conta com o modelo RQ-1 ScanEagle. Elas possuem sistema de comunicação integrado com um alcance de mais de 100 quilômetros, autonomia de voo de mais de 20 horas, velocidade máxima de 150km/h e são empregadas em missões de inteligência, vigilância e reconhecimento, inclusive noturnas.

Aeronaves do modelo ScanEagle são empregadas em missões de inteligência

“Esquadras de guerra não se evocam de improviso”

Os programas estratégicos que visam incrementar as capacidades navais, aeronavais e de Fuzileiros Navais da Esquadra têm em comum o desenvolvimento de longo prazo. O PROSUB foi criado em 2008, embora as ações da Força para desenvolver submarinos de propulsão nuclear tenham iniciado na década de 1970. O MANSUP começou a ser projetado em 2011, a viabilidade das aeronaves remotamente pilotadas foi estudada a partir de 2012 e o Programa de Fragatas da Classe “Tamandaré” foi concebido em 2017.

Eles demonstram a antecipação da Marinha às necessidades de defesa, praticando a máxima do jurista Ruy Barbosa, em sua obra “Cartas de Inglaterra”, de 1896: “Esquadras de guerra não se evocam de improviso, nem se atamancam entre apuros com invenções engenhosas de momento. Com os progressos atuais da artilharia, da mecânica e da construção naval, podemos estabelecer o axioma de que, para a guerra, só se aproveitam os navios especialmente construídos para combate”.

A Marinha não apenas está preocupada com a aquisição de novos meios, mas com a manutenção dos que já estão em atividade. É o caso do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, o maior da Esquadra e seu Capitânia, que deverá receber novos hardwares e atualização de software, no Reino Unido. O gigante da Marinha também terá seu sistema de comando e controle otimizado até o final de 2024, com a instalação de um console adicional para este propósito, conforme previsão orçamentária.

Treinar como se estivesse em guerra

“O aprestamento e a modernização requerem planejamento apurado e fluxo financeiro para suportar os custos operacionais dos navios e os de preparação e treinamento das tripulações. Os desafios são diversos, pois demandam racionalização e priorização no uso dos recursos disponibilizados, além da aplicação eficiente, que possibilite atingir o objetivo de manter seus meios prontos a cumprir suas missões”, comenta o Comandante da Força de Superfície da Marinha, Contra-Almirante Rudicley Cantarin.

Enquanto isso, a participação da Esquadra em exercícios internacionais como “GUINEX”, “UNITAS” e “Fraterno”, realizados em conjunto com outras Marinhas, contribuem para manter o preparo constante de meios e militares e promover maior presença da MB no entorno estratégico brasileiro, além do estreitamento de laços com nações amigas, em apoio à política externa. Nessas ocasiões, são favorecidos o intercâmbio de informações e de conhecimento e a perspectiva de cooperação no combate a atividades ilícitas, como tráfico de armas, de drogas e de pessoas, pesca ilegal e crimes ambientais no Atlântico Sul.

Exercício de abordagem não colaborativa com navio da Marinha do Togo, utilizando mergulhadores de combate, durante a Operação “Guinex III”, em setembro

São, ainda, oportunidades de treinamento entre os diferentes meios da própria Esquadra e com meios das demais Forças Armadas, aumentando sua integração. “Esse esforço é perene e exige detalhada coordenação entre diversos patamares do Poder Naval. Manter tripulações bem adestradas e atualizadas é crucial para a eficácia operacional”, avalia o Comandante da Força Aeronaval da Marinha, Contra-Almirante Emerson Gaio Roberto.

Principais comissões da Esquadra neste ano

Somente em 2023, os meios operativos participaram de diversas comissões no entorno estratégico brasileiro, como a “UNITAS LXIV”, exercício multinacional mais antigo do mundo, que aconteceu em julho e teve a Armada da Colômbia como anfitriã este ano; a “CAMEX Delta do Amazonas”, realizada em agosto, em proveito das ações de segurança da Cúpula da Amazônia; e a “Fraterno XXXVI”, no mesmo mês, cujo propósito foi ampliar a interoperabilidade e reforçar a cooperação com a Marinha da Argentina.

Houve, ainda, a “GUINEX III”, que incluiu treinamento no mar da costa ocidental do continente africano, com Marinhas africanas e europeias; a Operação “Abrigo pelo Mar”, que levou apoio médico e doações a moradores de São Sebastião (SP) atingidos pelas fortes chuvas em fevereiro; além da “ASPIRANTEX”, “ADEREX”, “TROPICALEX”, “UANFEX”, para preparo das tripulações e de meios, em todo o litoral do País.

Aeronaves de asa rotativa da Marinha, do Exército e da Força Aérea em exercícios de qualificação de pouso e decolagem a bordo do NAM “Atlântico”, em 2021

Para quem acredita que não existem ameaças aos interesses do Brasil no mar atualmente, um incidente em maio deste ano prova o contrário. Durante uma Patrulha Naval, a Fragata “Independência” impediu que um navio de bandeira alemã coletasse amostras do subsolo marinho na região da Elevação de Rio Grande (RS), para fins de pesquisa científica. A região é de exploração exclusiva do Brasil, conforme Convenção das Nações Unidas sobre o Direito no Mar.

“Felizmente, a América do Sul constitui uma das regiões mais estáveis do mundo na história recente. No entanto, o continente e seu entorno são muito ricos, o que demanda atenção. Sendo o maior país e a maior economia da América Latina, é natural que a sua dimensão traga responsabilidades as quais não pode se furtar “, alerta o Contra-Almirante Guilherme Mattos, para quem o País deveria investir mais em defesa diante de tal cenário. “Não se pode aguardar a configuração de uma situação séria para se providenciar o preparo de uma Força Armada”, argumenta.

Leia, a seguir, entrevista com o Comandante em Chefe da Esquadra, Vice-Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa

Vice-Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa

– Quais os desafios para a Esquadra brasileira se manter aprestada e moderna?
Com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, as sociedades ocidentais imaginaram que, finalmente, teriam um longo período de paz. Esses anos de tranquilidade foram responsáveis por propagar uma falsa percepção de que conflitos eram coisas do passado, restritos aos livros de história. Mostrava-se possível, portanto, rever os investimentos nas Forças Armadas, reduzindo a quantidade de pessoal, o inventário de meios e, por fim, suas capacidades combatentes. Infelizmente, essa percepção se mostrou errônea. A globalização possibilitou a proliferação das chamadas “novas ameaças”, tais como pirataria, crimes transnacionais e problemas ambientais. E, recentemente, o conflito entre Rússia e Ucrânia mostrou que os enfrentamentos entre Estados podem ocorrer, sempre que os interesses nacionais se mostram contrários. Nesse contexto, a Esquadra brasileira tem buscado desenvolver capacidades para atuar contra essas novas ameaças, mas sem perder sua vocação de realizar o combate no mar. Assim, buscamos assegurar os interesses nacionais sobre a rica e extensa área marítima de jurisdição nacional, com 5,7 milhões de quilômetros quadrados, uma outra Amazônia por suas dimensões e riquezas, a qual denominamos “Amazônia Azul”. Ao mesmo tempo, buscamos manter a capacidade de ser a primeira linha da defesa nacional, impedindo que eventuais forças navais adversas possam projetar poder sobre o litoral brasileiro. Este é um dos grandes desafios enfrentados pela Esquadra, atualmente. Obviamente, o desenvolvimento e a manutenção dessas capacidades demandam recursos financeiros de maior vulto, que sejam compatíveis com a estatura política e econômica que o Brasil se propõe a ocupar em nível mundial. Como vem alertando o Comandante da Marinha, a Força Naval pode perder 40% de seus navios em cinco anos, sendo necessários investimentos urgentes para garantir a soberania nacional.

– Atualmente, quais as ameaças ou possíveis ameaças enfrentadas pelo Brasil, que exigem uma Esquadra aprestada e moderna?
As riquezas do Brasil são alvo de cobiça internacional desde o seu descobrimento e, sempre que os interesses de potências estrangeiras forem inconciliáveis com os nacionais, nossa soberania pode ser ameaçada. Precisamos, portanto, de uma Esquadra que seja capaz de dissuadir intenções hostis contra o Brasil, forçando eventuais desafiantes a buscarem soluções negociadas, em detrimento daquelas que envolvam o uso da força. Hoje, quanto a inimigos estatais estrangeiros, vivemos um período de tranquilidade, mas essa situação pode ser alterada rapidamente em períodos de escassez. Além disso, em face à vocação marítima brasileira e ao elevado potencial de recursos vivos e não vivos existentes em nossa “Amazônia Azul”, a exploração e explotação não autorizada de nossas riquezas constitui-se em uma ameaça crível, que afeta nossa soberania, sendo materializada por crimes transfronteiriços em nossas áreas marítimas. Tais atividades englobam diversos tipos de ilícitos, tais como: pirataria, tráfico de armas, de drogas e de pessoas, pesca ilegal e crimes ambientais em nossas Águas Jurisdicionais, explicitando a necessidade de ampliação das capacidades de monitoramento, controle e pronta resposta por parte da Força Naval.

– Como a Marinha tem buscado a ampliação de suas capacidades, a renovação de alguns navios que já estão entrando na fase final de sua vida útil?
O estabelecimento da vida útil de um navio envolve diversas variáveis, podendo ser prolongado em função de períodos de manutenção e modernização. Portanto, embora disponham de um casco de construção antiga, o emprego de um navio pode ser estendido mediante a atualização de sistemas de propulsão e, mormente, dos sistemas de combate, com a substituição dos sensores e armamentos por outros no estado da arte.

A despeito da escassez de recursos, a Marinha vem buscando ampliar suas capacidades combatentes. Nesse sentido, destacam-se: o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que entregou o Submarino Riachuelo, plenamente operacional e integrado à Esquadra, com previsão de entrega do Submarino Humaitá em janeiro de 2024 e mais outros dois nos próximos anos; e o início da construção das Fragatas Classe Tamandaré, que dotará a Esquadra de meios de superfície modernos e capazes, com entrega prevista para a partir de 2025. Além dessas duas importantes iniciativas, o Comandante da Marinha tem buscado apresentar as necessidades aos governantes brasileiros, buscando ampliar o volume de recursos financeiros alocados para a Força Naval, a fim de permitir o prosseguimento dos Programas Estratégicos e o seu respectivo reaparelhamento. Em paralelo, enquanto novos meios não são incorporados, a Esquadra vem buscando manter a plena capacidade de seus meios atuais, cumprindo um Sistema de Manutenção Planejada, realizando reparos de grande envergadura, dos quais se destacam o Período Geral de Manutenção da Fragata Defensora, concluído em 2022, e o da Corveta Barroso, cuja conclusão está prevista para o segundo semestre de 2024.

– A Esquadra possui meios suficientes para fazer frente às possíveis ameaças ao País?
Atualmente, nossa Esquadra possui um total de 97 meios, excetuando o Navio-Escola Brasil (U27) e o Navio Veleiro Cisne Branco (U20), dentre os quais são 19 navios de superfície, 3 submarinos e 75 aeronaves. Essa quantidade não se mostra suficiente para a Esquadra fazer frente às possíveis ameaças da atualidade, principalmente se essa análise for conjugada com as dimensões da nossa Amazônia Azul.

De forma complementar, é importante destacar que, além da quantidade de meios disponíveis, a atualização e a manutenção das capacidades embarcadas em cada navio, submarino e aeronave disponíveis devem ser adequadas para atender aos interesses estratégicos do País, constituindo um fator dissuasório frente as ameaças existentes.

– Nas redes sociais, vemos alguns comentários questionando a real necessidade de investir nas Forças Armadas, uma vez que a política externa do Brasil privilegia a diplomacia, e comparando às necessidades de outros setores, que seriam mais urgentes, segundo esses mesmos comentários. Por que o País deve investir na renovação e na quantidade de meios da sua Esquadra?
Um país com as dimensões territoriais e o tamanho da população do Brasil está destinado a ser protagonista no contexto das Nações. Nesse sentido, todas as expressões do Poder Nacional devem avançar juntas e balanceadas. A diplomacia, sem o suporte de um poder militar crível, mostra-se ineficiente, e as forças navais têm um papel tradicional no apoio à política externa, por intermédio da contribuição para o estabelecimento de parcerias estratégicas, fortalecimento da autoridade do Estado e para a projeção do país no cenário internacional. Além disso, o investimento na Esquadra aumenta a capacidade nacional em proteger suas riquezas, cuja correta exploração pode contribuir para atender outras demandas da sociedade. Ademais, a construção de meios navais gera empregos, diretos e indiretos, com impactos sociais importantes para o país. Estima-se que o programa estratégico das Fragatas Classe Tamandaré seja responsável pela criação de dois mil empregos diretos e seis mil indiretos. Por fim, destaca-se que os meios da Esquadra têm caráter dual, projetados para serem empregados em combate, mas podendo ser utilizados em atividades benignas, como o apoio às ações do Estado, como ocorre regularmente nos eventos de desastres ambientais e calamidades públicas, além das participações nas operações de Garantia da Lei e da Ordem.

– Qual a importância estratégica para o Brasil de construir no próprio País, com tecnologia nacional, os meios navais e aeronavais da sua Esquadra?
Em termos estratégicos, deixar de depender de tecnologia estrangeira significa ter a confiança de que, em um eventual conflito, manteríamos a plena capacidade de nossos sensores e armamentos, garantindo a exploração do nosso poder combatente no mais alto nível. Na guerra das Malvinas, por exemplo, o governo francês interrompeu o fornecimento de mísseis antinavio Exocet para a Marinha da Argentina, sua arma mais efetiva, interferindo diretamente no resultado do conflito. Além disso, o investimento em tecnologia nacional também torna as aquisições e manutenções menos onerosas, possibilitando retornos indiretos que poderiam ser reaplicados na Força ou em outros setores do governo. Nesse sentido, há estudos acadêmicos que comprovam que a cada R$ 1,00 investidos na indústria de Defesa, gera aproximadamente R$ 9,80 no Produto Interno Bruto (PIB). Por fim, o desenvolvimento de tecnologias nacionais para uso militar causa o efeito de “transbordamento”, possibilitando o desenvolvimento de capacidades importantes para o uso civil, por meio de tecnologias de uso dual.

– Quantos meios da Esquadra foram construídos, até o momento, no Brasil?
Vários meios da Esquadra foram construídos no Brasil: quatro Fragatas Classe Niterói, quatro Corvetas Classe Inhaúma, a Corveta Barroso, o Navio-Tanque Almirante Gastão Motta, e os Submarinos Tikuna e o Riachuelo.

Muito dificilmente um meio naval possui tecnologia 100% nacional. Contudo, a Marinha do Brasil vem envidando esforços para que a construção sempre busque incrementar o percentual de nacionalização e garantir a transferência de tecnologia. Busca-se, também, sempre que possível, que a construção ocorra no país, em parceria com um estaleiro local, como ocorre com os Submarinos Classe Riachuelo e as Fragatas Classe Tamandaré (FCT), para fomentar os empregos no próprio país.

– O que falta para que o País seja capaz de construir seus próprios meios navais e aeronavais, com tecnologia nacional?
O Brasil possui a capacidade de construir os seus meios navais, mas o caminho para aumentar o índice de nacionalização é fomentar a Base Industrial de Defesa (BID), fazendo com que estímulos adequados incentivem empresas nacionais a investirem no ramo da defesa e, assim, sermos capazes de abandonar a nossa dependência estrangeira nessa área estratégica de importância vital para o Estado brasileiro. Para tal, devemos buscar o alinhamento das diversas expressões de poder nacional, de forma a incorporar tecnologias com conteúdo nacional de uso dual, com perspectivas relevantes de geração e sustentação de empregos diretos e indiretos, permitindo que a sociedade brasileira perceba a importância de obter essa capacidade de maneira plena.

– Recentemente, representantes da Marinha do Brasil estiveram nos Emirados Árabes visitando o Grupo Edge, um dos maiores conglomerados de indústria de defesa do mundo, para conhecer novas tecnologias de armamentos e meios, incluindo as aeronaves remotamente pilotadas. Atualmente, o Brasil dispõe de uma unidade. Há previsão e, caso afirmativo, qual seria ela, para aquisição desse tipo de meio para a Esquadra brasileira?
A Esquadra possui seis Aeronaves Remotamente Pilotadas SARP-E RQ-1 “Scan Eagle”. A Diretoria de Aeronáutica da Marinha está desenvolvendo estudos para a aquisição e a implementação de outros modelos de SARP.

– Com relação ao desenvolvimento de armamentos dos meios navais e submarinos brasileiros, qual o seu atual estágio? Há previsão de modernizá-los e, caso afirmativo, de que forma?
Apesar da idade avançada de alguns meios, seus sistemas de armas têm apresentado desempenho satisfatório, como demonstrado em exercícios regulares de Lançamento de Armas. Em se tratando de desenvolvimentos de novos sistemas, destaca-se o projeto MANSUP, sob gerenciamento da Diretoria de Sistema de Armas da Marinha, que busca desenvolver um míssil de cruzeiro de longo alcance, a ser usado contra navios.

– Com relação à construção/aquisição de novos meios navais e aeronavais, há pessoal qualificado para operá-los? De que forma é feita essa qualificação?
Todos os projetos de construção/aquisição de meios navais e aeronavais contam com acordos para a capacitação das tripulações e mantenedores, e envolvem cursos e treinamentos pelos fabricantes e fornecedores dos equipamentos. No caso específico das Fragatas Classe Tamandaré, a MB já selecionou a primeira tripulação, mantenedores e instrutores e iniciará sua capacitação no início de 2024.

-Quais são as principais atividades ilícitas coibidas pela Esquadra?
Em abril deste ano, realizamos uma patrulha naval com a Fragata Independência e, nesta ação, foi determinado ao navio estrangeiro (de bandeira alemã) que cessasse as atividades de pesquisa no subsolo marinho na área da Elevação do Rio Grande, pois não tinha autorização do nosso Governo para realizar tal pesquisa. A aeronave orgânica embarcada na Fragata Independência foi também empregada, a fim de registrar imagens do dispositivo de pesquisa que iria ser usado para coletar as referidas amostras do subsolo marinho. Imediatamente, o navio estrangeiro encerrou suas atividades de pesquisa na Elevação do Rio Grande, uma região localizada há mais de 800 km da costa brasileira.
Saiba mais sobre Patrulha Naval, clicando aqui.

A participação em exercícios internacionais está alinhada à importância do Atlântico Sul como área prioritária em nosso entorno estratégico, sendo fundamental o controle do acesso marítimo ao Brasil e a presença ostensiva nesse espaço marítimo. Nesse sentido, a MB realizou a Operação GUINEX-III, entre 08 de agosto e 12 de outubro de 2023, com o objetivo de fortalecer as relações com as Marinhas dos países da costa ocidental da África, além de contribuir para a Segurança Marítima no Golfo da Guiné, que faz parte do nosso entorno estratégico. Essa operação também teve o objetivo de fortalecer a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), que é um fórum para promover a cooperação entre os países costeiros do Atlântico Sul. A Fragata Liberal visitou portos de países da costa ocidental africana, como São Tomé e Príncipe, Camarões, Nigéria, Costa do Marfim, Senegal e Cabo Verde. Contudo, também operou com Marinhas de Togo, Espanha e Portugal.

VÍDEO: 10 de Novembro – Dia da Esquadra

FONTE/FOTOS: Marinha do Brasil

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A evolução da estratégia naval brasileira (1991-2018)

A evolução da estratégia naval brasileira (1991-2018) – parte 2

A evolução da estratégia naval brasileira (1991-2018) – parte 3

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A Guerra da Lagosta e suas lições

A presença naval soviética no Atlântico Sul durante a Guerra Fria

 

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Gabriel Oliveira Batista

As vezes tenho a impressão que nossos Almirantes decoram as respostas para dar ,dado a escassez de fatos novos sobre a nossa Marinha.

Willber Rodrigues

Impressão? Eu ja tenho é certeza…

Zorann

Vou dizer o que?

A Marinha não existe e o comandante está feliz com isto.

Nem a segurança dos principais portos do país, os caras são capazes de fazer. Precisam de uma GLO. Lembrando que isto é atribuição da capitania dos portos.

Falar de MB dá depressão.

No One

Dificilmente ou nunca concordo com as suas considerações, mas nesta você tem absoluta razão. Marinha ? Que Marinha ? Me poupem Almirantes das minhas botas.

Willber Rodrigues

Entrevista com almirantado BR pode ser resumindo ein:

“Tivemos um passado glorioso, e teremos um futuro brilhante, um futuro que nem nós mesmos sabemos quando e se chegará. Sobre o presente, não falamos, mas o que importa é que temos um passado glorioso”.

Last edited 5 meses atrás by Willber Rodrigues
JS666

Esqueceu da parte: “Nos dê mais dinheiro.”

Bueno

“O futuro da Esquadra começa agora”
Estas frases Clichês só aumenta a dor de vê um futuro que nunca chega.
O Futuro inserto da Esquadra.

Last edited 5 meses atrás by Bueno
Heinz

Esquadra? Pela quantidade de meios não dá nem pra chamar de esquadra

adriano Madureira

formação de quadrilha…

Willber Rodrigues

Comecei a ler o texto, e antes do 2° parágrafo eu já desconfiava fortemente que esse texto tinha sido escrito pelo pessoal da MB. Quanto mais eu lia, mais forte ficava essa minha impressão. Quando eu ví esse papo de “Amazônia Azul” sendo repetido constantemente, aí eu já não tinha dúvida alguma. “O País provisionou nos últimos dez anos, em média, o correspondente a 1,32% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, enquanto outros países em desenvolvimento seguem avançando, como a Índia (2,4%), a Colômbia (3%) e o Chile (1,8%).” Eu já SABIA que o almirantado viria com essa, é… Read more »

Willber Rodrigues

Aliás, eu já tinha 99% de certeza de esse texto era produto da MB quando batí os olhos no título.
Nenhum editor da trilogia colocaria um título desses

Camargoer.

Olá Wilber. Segundo o Sipri, o Brasil gastou US$ 17.6 bilhões em 2022 em defesa e a Colômbia US$ 10,2 bilhões, que representariam 1.1% e 3,1% do PIB, respectivamente. O que mais chama a atenção é que os gastos com defesa representam 2,9% dos gastos públicos no Brasil e 9,2% na Colômbia. Gostaria que o problema dos gastos militares no Brasil fossem um problema de valores. Não é. O problema é bem conhecido. As forças armadas brasileiras são anacrônicas, perdulárias, mal equipadas e mal treinadas. Como o problema é estrutural, aumentar os gastos só vai resultar em mais gastos com… Read more »

Willber Rodrigues

Agradeço por ter trago os valores. Mostra bem o que eu, você e todos nós sabemos: não é falta de grana, é pra onde a grana esta inso. E todo mundo sabe que 17 bilhões de dólares ( ou 83 bilhões de reais, na cotação de hoje ) é MUITA grana. Por isso me dá um sentimento de raiva toda vez que vejo almirante, ou gente graúda das FA’s, dizendo que falta grana. Me dá revolta isso. É por isso que, embora a entrevista acima traga alguns dados importantes, me dá raiva por em NENHUM momento se vê esses almirantes… Read more »

Camargoer.

Olá Wilber. Tenho o mesmo mal estar. Talvez, uma das origens do problema é a eugenia. Os comandantes da MB são formados na cultura da MB. Parece que é difícil para um almirante (ou um brigadeiro ou um general) pensar fora da cultura da instituição. Nas universidades, há um amplo rodízio de pessoas. Cada universidade tem apenas uma fração de seus docentes formados nela própria. O mais comum é ter um corpo docente formado em diferentes instituições. Não resolve o problema, mas as universidades adotaram este processo que ás vezes é bom. Acredito ser necessário fortalecer o MInDef e criar… Read more »

Willber Rodrigues

Sei que é cansativo sempre bater na mesma tecla, e tenho certeza que os editores, quando leem os comentários, estão cansados de ver sempre os mesmos comentários sobre o mesmo assunto, mas é o elefanta na sala, é inevitável falar nisso quando se vê almirante se queixando que “falta verba”. Falta uma “oxigenação” de idéia dentro do almirantado. O mundo tá voando, e parece que, até eles se darem co ta do que aconte, processar a informação e começarem a se mexer nessa direção, é uma eternidade. O resto do mundo falando concretamente em I.A, armas laser, canhão magnético, vant’s… Read more »

Neto

Apoio a iniciativa.

Vinicius Ferreira Soares

Fora que as licitações deveriam ser conjuntas em tudo que possível. Padronizar ao máximo o equipamento das três para facilitar logística e treinamento.

No One

“Na verdade, somente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais aderiram de imediato.”

Esses historiadores do sudeste têm o ego maior que os argentinos, só esqueceram de nominar Pernambuco, uma das capitanias mais importantes da época, tanto em termos de cultura, economia e politica. Entre os mais mais rebeldes, bravos e revolucionários do Brasil.

Patetico o tentativo de apagar o protagonismo de Pernambuco. Calma lá almiranteco.

No One

Mandem ele voltar pra escola e repassar a Revolução Pernambucana, também conhecida como “Revolução dos Padres”, onde os ideais e iluministas antagonizavam o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — a capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, enquanto o povo do nordeste tinha que enfrentar a seca. Problema jamais resolvido nem durante Império nem durante a República. A revolução pernambucana foi o unico movimento separatista do período… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Estes dois trechos eu achei importantes em informações:

“…Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, o maior da Esquadra e seu Capitânia, que deverá receber novos hardwares e atualização de software, no Reino Unido. O gigante da Marinha também terá seu sistema de comando e controle otimizado até o final de 2024, com a instalação de um console adicional para este propósito, conforme previsão orçamentária.”

“…reparos de grande envergadura, dos quais se destacam o Período Geral de Manutenção da Fragata Defensora, concluído em 2022, e o da Corveta Barroso, cuja conclusão está prevista para o segundo semestre de 2024.”

Last edited 5 meses atrás by Fernando "Nunão" De Martini
737-800RJ

A prioridade máxima da MB é garantir a existência da esquadra por meio de um segundo lote de Tamandarés. Se as duas opcionais serão negociadas, se a compra será automática, se será necessária outra licitação, se o projeto receberá melhorias ou não, como sugeriu um almirante há uns 2 anos em entrevista, não interessa!
É mister apenas que se faça.
A situação atual é amarga e poderá ficar funesta ao final da década caso os tomadores de decisão continuem viajando na maionese da megalomania e não trabalhem com a realidade!

Willber Rodrigues

Se, no final da próxima década, tivermos 6 FCT’s ( rezemos pra que a MB consiga +2 navios, essa deveria ser sua máxima prioridade ), 4 Riachuelos, Bahia, Atlantico, com sorte comprarmos o Wave Ruller dos britânicos, já será motivo pra dar tiro pro alto e comemorar. Tá na hora da MB finalmente parar de viajar na maionese, botar os pés no chão, e dar prioridade as +2 FCT’s e fazer, pra ontem, navios patrulha em boa quantidade. Se tudo isso estiver com bom nível operacional e os “marujos” tiverem com o adestramento em dia, tá ótimo. As vezes, o… Read more »

Santamariense

Para fragatas Tamandaré adicionais, será necessário negociar um novo contrato, pois o atual começa e termina em 4 navios.

Fernando "Nunão" De Martini

Essa é uma informação que perdura e vai dar um certo trabalho verificar desde quando foi veiculada, mas a opção para mais duas aparece, por exemplo, em matéria do site Defense News:

https://www.defensenews.com/naval/2022/05/04/delay-hits-brazils-17-billion-frigate-program/

“ The contract includes options to build two additional frigates based on an improved design expected to come from experience gained during construction of the first four frigates.”

Achei apuração do próprio Poder Naval sobre a possibilidade de duas adicionais, tendo como fonte o alte Karan (reformado).

Mas não esclarece muito sobre ser um novo contrato ou opção existente no atual. E, de qualquer forma, é informação anterior à efetiva assinatura do contrato (ou seja, é da época da negociação) e principalmente focada na viabilização financeira de uma quinta ou até sexta fragata, de maior porte que as 4 originais:

https://www.naval.com.br/blog/2019/12/28/exclusivo-marinha-ja-planeja-a-quinta-tamandare/

Santamariense

Nunão, no link abaixo, de uma entrevista com o AE Cunha, Diretor Geral de Material da Marinha em 2022, ele afirma, entre os minutos 09:00 e 11:00 do vídeo, sobre o contrato atual incluir apenas as 4 fragatas e sobre uma 5ª ou 6ª unidades necessitarem de um novo contrato:

https://m.youtube.com/watch?v=9UTE63Jtcvo

Fernando "Nunão" De Martini

Sim, eu não estou negando a necessidade de um novo contrato, pois tudo indica que seria necessário mesmo.

O que fiz foi buscar onde começou a aparecer a informação sobre opção de compra. E ela começou, pelo que vi, antes da assinatura do contrato (mas já depois da seleção).

São processos, é preciso muita informação e pesquisa para entender todos os fatos num processo, colocando assim os acontecimentos, opções de caminho e decisões numa ordem.

Santamariense

Te entendo. Apesar da MB necessitar de mais navios escolta, sejam Tamandaré adicionais ou outros maiores, o fato é que todos falam em mais 2 Tamandaré e repetem isso como se fosse apenas adicionar mais 2 navios aos 4 contratados. E a realidade não é tão “simples” assim. É mais ou menos como na questão de mais Gripen além dos falados 50. Mais que isso, vai precisar de um novo contrato.

Gabriel BR

Precisamos de uma Guarda Costeira para Ontém!
Não dá para confiar no almirantado …

Satyricon

19 meios superfície…
Inclui aí na conta a Rademakker, que pegou fogo a pouco tempo, e ninguém sabe se retornará à ativa, bem como uma sucessão de outros meios em vias de dar baixa.

Triste

A ordem do dia deveria ser:
Compras de oportunidade

Henrique A

Se não aparecer mais dinheiro pra MB de alguma maneira a coisa vai ficar bem feia em menos de 10 anos…

Camargoer.

Olá Henrique. Segundo o Plano Plurianual, a MB irá empenhar cerca de R$ 1,3 bilhão na conclusão dos Scorpenes. A partir de 2027, a previsão é a conclusão deste gasto. Por outro lado, a precisão é que este valor seja usado principalmente na construção do SN10. As FCT estão sendo pagas com recursos da capitalização da Emgepron. Não há gastos da MB na construção das FCT, contudo a partir de 2025, a MB irá pagar pelo custeio das FCT. Espera-se que estes recursos recomponham o capital da Emgepron e possam ser usados na construção das próximas fragatas. O problema novamente… Read more »

Renato Alves

A tal esquadra que só eles conseguem ver não existe. Navios antigos, verdadeiras sucatas quem flutuam no mar . Apenas um navio capitânea e que se desdobra por todos os lados. Em caso de guerra ou negação do mar ele seria o alvo prioridade. E qual escolta o protegeria de uma salva de mísseis? É um descaso total dos generais de 5 estrelas que adoram as suas entrevistas retóricas e seus uniformes brancos passados a mão. Afora uma segunda esquadra que já deveria existir a muito. Uma força naval de com meios eficazes na Amazônia brasileira ( Aí CB-90). Ah… Read more »

Bardini

O futuro da Esquadra começa agora… . Mas qual o futuro? Fazer mais do mesmo? . Essa imagem tem mais de uma década: . É admirável que o “Emprego do Poder Naval” ainda seja apresentado desta forma, dissociado e sem conexão sequer com as demais forças. . A nossa situação como um todo, deveria ter progredido muito mais, seguindo por algo nesta linha de pensamento, no meu entendimento de achista: . . A Marinha deveria ter foco no papel de ser uma instituição militar de diplomacia naval. Diplomacia é a primeira linha de defesa do Brasil, ao contrário de todo… Read more »

Last edited 5 meses atrás by Bardini
Willber Rodrigues

Sobre a segu da imagem que você usou como exemplo de “o que deveria ser”, como você acha que deveria ser a MB ( quais meios ela precisaria ter , por exemplo ), pra se moldar nessa sua visão, e o que poderia ser feito em parceria com as duas outras Forças?

Bardini

Bahhh… Teria que escrever um zilhão de coisas pra responder e ilustrar todo o que penso sobre isso aí. Sexta a noite é complicado. Não estou inspirado para meus achismos e gerar uma fantasy fleet.

Henrique A

É tudo uma questão política. As FFAA, principalmente o EB, ainda se veem como uma instituição anterior e independente do Estado BR, e os políticos para evitar pisar em ovos dão a prerrogativa do planejamento da defesa nacional as FFAA, mas como elas se veem independentes uma das outras, cada uma faz o seu planejamento sem considerar o resto.

O mais perto que a gente chegou de ter um planejamento de defesa nacional parecido com o dos europeus foi com o Nine, e ainda assim ficou a maior parte em promessa e platitudes.

Zorann

Tem de unificar as forças armadas. A única solucao para trabalharem em conjunto

Bardini

Já existe estrtura que unifica as forças. Se chama Ministério da Defesa.
.
Nosso problema é o fato de que o Ministério da Defesa é um absoluto lixo, como todo resto.

Augusto José de Souza

A marinha tem a faca e o queijo na mão para modernizar e ampliar a esquadra de forma mais rápida,basta apenas continuar com os programas das fragatas Tamandaré e do PROSUB com mais lotes de cada e ampliar os meios reaproveitado ambos os estaleiros como o MEKO-A 400 como contratorpedeiros e o A-200 e A-300 como fragata pesada e construir os NPAS 500 toneladas em Itaguaí e o estaleiro que está construindo o novo navio de apoio antártico pode construir outros meios como corvetas e navios anti minas.

soutoF

Tem que haver licitaçao para construçao dos 12 patrulha de 500 ton.
a força de varredura e minagem tera´novos meios uma adaptaçao
dos Npa. de 500 ton.

Camargoer.

Olá Souto. Creio que o PAC prevê 11 NaPa500.

Segue um link de uma notícia do setor naval publicada dia 01/nov.

http://sinaval.org.br/2023/11/fornecedores-apostam-em-aproximacao-com-contratantes-e-estaleiros-para-desenvolver-projetos-civis-e-militares/

Augusto José de Souza

Espero que não pare nesses 12 navios e venham mais para todos os DNs e até exportação já que é um projeto nacional iria alavancar muito nossa indústria naval com vendas para outras marinhas.

Augusto José de Souza

Creio que logo deva haver e disseram que seriam construídas em Itaguaí como uma espécie de reaproveitamento do estaleiro além de mais scorpene.

Greyjoy

Que esquadra?

Ricardo

Um dia desses eu passei por São Pedro da Aldeia e resolvi ir no museu que fica na base aérea. Fiquei assustado com a condição das instalações. Que instituição ultrapassada é a nossa Marinha. Quando passo em frente a uma OM deles e vejo os recrutas com capacetes e uniformes velhos fico pensando para onde vai o grosso do dinheiro que gastamos com essa velharia. Aposto que o soldo e os benefícios dos almirantes devem estar sempre em dia e o cassino sempre bem abastecido. De resto, que vergonha.

naval762

Sinceramente, mais parece que o futuro da esquadra é o ferro velho. Mesmo na minha época o pessoal já tinha a noção de que grande parte dos meios da Marinha ia pegar o pijama e dificilmente seria substituído, agora então temos certeza.

Last edited 5 meses atrás by naval762
FELIPE

Seria pedir muito 12 fragatas/escoltas novas e concluir os 5 submarinos do PROSUB??? Acho que é o mínimo que a MB deve ter

2 Sg fn chamarelli

Vergonha foi não vende o aeródromo São Paulo e

TJLopes

A Marinha é, de longe, a força mais despreparada e desorganizada, uma vergonha e desperdício de dinheiro público com luxos e projetos mirabolantes.

Fernando

O Brasil precisa de 2 coisas:
1- velocidade na entrega de equipamento bélico. Se a guerra começar amanhã ou daqui 3 anos, a partir desta data, desculpe a honestidade, mas seremos invadidos. Nossa sorte, é que os grandes exércitos estão longe, mas não descartaria uma coalizao vermelha latino americana nos invadindo por todos os lados com apoio além mar.
2- esqueçam a França!!!! Lula foi buscar tecnologia do submarino nuclear no principal inimigo do Brasil. O projeto está condenado ou será interrompido causando mais uma vez o problema do item anterior

adriano Madureira

Eu acho que além de incrementar o orçamento, coisas como royalties de exploração mineral no oceano deveria ter um percentual repassado a MB, assim como a exploração mineral terrestre deveria ser repassado ao EB…

Apesar que o problema não é monetário somente, é gerencial, e as forças ficam devendo competência nesse quesito.

Marcelo Andrade

BRAVO ZULU!!!!!

Leonardo Cardeal

Sinceramente, não tive paciência para ler. A MB desanima em gestão e organização…

Miriam Azevedo

Claro que precisamos de mais investimento. Há quantos anos temos o contingenciamento dos recursos e, na prática, uma valor aquém do necessário é aplicado. Precisamos de Indústria de Defesa. Tem que haver planos decenais, os recursos não podem ser contingenciados e os fundos tinham que ser financeiros, pelas vantagens próprias.

Gustavo

Tá certo,as forças armadas tem seu problema estruturais,como qualquer outra instituição, mais ainda sim falta projetos e ambição e doutrina própria, marinha de longe pra min e a que tem um corpo docente mais eficaz e ficiente entre as forças mais o investimento e incerto p causas d cortes.