1972: na sua primeira comissão, fundeada na baia da furna brava na antiga provincia de Cabo Verde

vinheta-especialOntem, dia 18 de Junho, data em que comemora 38 anos ao serviço da Marinha Portuguesa, a corveta “António Enes”, actualmente a cumprir as suas missões de segurança e autoridade do Estado no mar nos Açores, atracou no porto militar da Praia da Vitória, na ilha Terceira, numa escala técnica, aproveitada para realizar um churrasco convivio de toda a guarnição, em festa de aniversário do seu navio.

O N.R.P. “ANTÓNIO ENES”, faz parte de uma série de seis navios que constituem a classe “JOÃO COUTINHO”. Foi construída sob desenho português da autoria do engenheiro construtor naval Rogério Silva Duarte Geral d´Oliveira, nos estaleiros Bazan em Cartagena, Espanha, tendo entrado ao serviço da Armada Portuguesa no dia 18 de Junho de 1971.

No seu Diário de Navegação, regista-se o primeiro dia de mar:

27 Jun. 1971- De : Cais dos submarinos, E.N. Bazan, La Carraca, S.Fernando, Cádiz

  • Faina às 08h 50m
  • 12:00- 36º39,5’N / 06º 28,0’W
  • Águas de Cádiz, Rota, Chipiona, Baía de Cádiz
  • 1º oficial de Quarto- 1º ten. Rocha da Silva
  • 2º O.Quarto- 1º ten. Ramos Guerreiro
  • 3º O.Quarto- 2º ten. Frade de Almeida
  • Faina às 17h 15m
  • Para : Molhe nº3 porto comercial de Cádiz (por BB)

Este projecto, serviu mais tarde de base para as corvetas classe “Descubierta” da Marinha espanhola e das corvetas MEKO 140 classe “Espora” da marinha argentina e inspirou os avisos da classe “D’Estiénne D’Orves” da Marinha francesa. As “João Coutinho” foram navios desenhados para as missões de presença naval e apoio às operações contra-subversivas, pelo que dispunham de capacidade de transportar uma pequena força anfíbia de fuzileiros ( e de um muito pequeno calado, que lhes permitia entrar em alguns rios e braços de mar da Guiné, de Angola e de Moçambique.

Especialmente no norte de Moçambique, a António Enes desenvolveu inúmeros raids anfíbios com a sua força de desembarque, que colocava em terra por meio de botes “zebro” (o zodiac fabricado em Portugal) e de helicóptero.

A “António Enes” navegou exclusivamente por África até 1975, ano da independência das colónias portuguesas naquele continente. Desde então, tem desempenhado missões de vigilância, busca e salvamento e fiscalização das águas territoriais e ZEE, além de participar em exercícios nacionais e internacionais e viagens de instrução dos cadetes da Escola Naval.

Ao longo da sua vida, a corveta “António Enes” tem sido sujeita a diversas alterações que lhe permitiram por um lado estar dotada de equipamentos modernos de apoio à sua missão principal de fiscalização e vigilância do mar português, e por outro, reduzir substancialmente a guarnição, reduzindo assim também os custos de operação, tornando-a hoje num navio mais eficaz e mais eficiente.

Duma guarnição inicial de cerca de 120 homens, a CORENES tem hoje apenas 71. Muito do seu armamento de 1971 foi retirado, nomeadamente o “Hedgehog” (uma arma anti-submarino) e as bombas de profundidade, assim como o radar de aviso aéreo (MLA-1B), as direcções de tiro da artilharia e o sonar também já fazem parte da história. Do armamento original, ainda mantêm as peças de artilharia 1 x US Naval Gun Factory US Mk33/50 76mm e 1 x Bofors / BAE Systems 40/L70 Mod.1958 (2 x)

A sua modernização incluiu um novo sistema de comunicações (MOST-4), novos radares de aviso de superfície e de navegação, sistemas de vigilância electrópticos e de IR e um sistema de navegação completamente digital.

Duas corvetas, das seis iniciais, já foram desactivadas.

 

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Galante

Excelente post, João! É muito bom conhecer a história desses navios. Sabe dizer até quando continuarão em operação? há planos em vista por navios novos de porte semelhante?

Joao Gonçalves

A sua substituição é uma história que começa a constituir uma verdadeira epopeia marítima. Mas os portugueses têm uma certa habilidade para o género. Os novos NPO (Navio Patrulha Oceânico) da classe “Viana do Castelo” são os navios previstos substituir as corvetas. Duma encomenda de 10, os 2 primeiros estão em aprontamento no estaleiro de Viana do Castelo desde 2004, ano em que foram lançados à água. Problemas vários nomeadamente de integração entre sistemas e plataforma têm atrasado o projecto, num processo que já envergonha a construção naval nacional. A última previsão para a entrega à marinha do NRP “Viana… Read more »

Galante

João, nós brasileiros não somos muito diferentes: nossa corveta “Barroso” demorou 14 anos para ser construída!

Guilherme Poggio

Realmente o caso ‘Viana Castelo’ transformou-se num verdadeiro imbróglio.