Cinema como ferramenta para difundir a história naval: o trabalho do Capitão de Fragata Sérgio Vieira Reale

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An Officer and a Gentleman - A Força Do Destino

O encontro entre a história naval e o cinema tem se mostrado uma poderosa ferramenta para difundir conhecimento sobre a guerra no mar, tanto entre os especialistas no tema quanto entre aqueles que passam a se interessar pelo assunto a partir da tela grande. Essa missão tem sido abraçada pelo Capitão de Fragata Sérgio Vieira Reale, que desde 2023 escreve artigos sobre a guerra naval em filmes e séries de televisão para diferentes periódicos eletrônicos.

Com uma carreira marcada por comando de navios da Marinha do Brasil, como o Navio Balizador Mestre João dos Santos (2000–2001) e a Fragata Independência (2011–2012), além da experiência como instrutor da Escola de Guerra Naval, Reale analisa cada produção com a visão de quem viveu a rotina da vida a bordo e conhece em profundidade a realidade operacional.

A inspiração para unir cinema e história naval surgiu da leitura de livros e estudos acadêmicos que exploravam a relação entre o cinema e diferentes áreas do conhecimento, como o direito e a psicologia. Reale percebeu que artigos baseados em filmes e séries de guerra poderiam não apenas despertar o interesse de novos públicos, mas também servir como fonte complementar para o meio acadêmico.

Apaixonado por filmes de guerra desde muito antes de começar a escrever sobre eles, ele destaca que essas produções reúnem ação, emoção e narrativas envolventes, sempre embaladas por trilhas sonoras marcantes. Entre todos os filmes sobre os quais escreveu, cita o clássico O Barco – Inferno no Mar como o que mais o impressionou, pela forma realista e eletrizante com que retrata a vida a bordo de um submarino alemão na Segunda Guerra Mundial.

Para o oficial, o cinema é uma fonte histórica dinâmica, capaz de ser usada inclusive em salas de aula de escolas militares como recurso didático. No entanto, lembra que, por ser também arte e entretenimento, o cinema tem liberdade criativa que pode levar a distorções em relação à verdade documental. Essa característica, segundo ele, exige responsabilidade de quem transporta a história para a tela, já que muitas pessoas terão contato com os fatos históricos apenas por meio dessas produções.

Na visão de Reale, filmes bem selecionados podem contribuir para a formação militar, oferecendo exemplos inspiradores da vida castrense, e também ampliar a mentalidade de defesa na sociedade. O cinema, afirma, é uma potência cultural, e quando aliado à história militar tem o potencial de reforçar a importância da defesa nacional, reavivar o interesse de especialistas e atrair novos públicos para a compreensão da guerra naval e da história das forças armadas.

No vídeo abaixo, Sérgio Reale fala sobre seu trabalho de difundir a história naval e militar pelo Cinema.

Leia algumas matérias do Comandante Reale:

A História Naval e o Cinema

A Guerra Naval na Antiguidade e no Cinema

A guerra naval no filme ‘Mestre dos Mares – o lado mais distante do mundo’ de 2003

A guerra naval no filme ‘O Barco – Inferno no Mar’ (Das Boot)

A guerra naval no filme ‘USS Indianapolis – Homens de Coragem’ (2016)

A guerra naval no filme ‘The Hunley’ (1999)

A guerra naval no filme Mar Cruel / The Cruel Sea (1953)

A História Naval e o Cinema: ‘Rebelião em Alto Mar’ – The Bounty (1984)

A História Naval e o Cinema: Dunkirk (2017)

A História Naval e o Cinema: ‘The Caine Mutiny Court-Martial’ (2023)

A História Naval e o Cinema: O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966)

A História Naval e o Cinema: ‘Maré Vermelha’ (1995)

A História Naval e o Cinema: ‘Midway’ (2019)

A História Naval e o Cinema: ‘O Soldado que Não Existiu’ (2022)

A História Naval e o Cinema: ‘A Força Do Destino’ (1982)

A História Naval e o Cinema: O agente secreto 007 e a Marinha Real Britânica

A História Naval e o Cinema: ‘Homens de Honra’ (2000)

A História Naval e o Cinema: ‘Sem Saída’

A História Naval e o Cinema: ‘Almirante Isoroku Yamamoto’ (2011)

A História Naval e o Cinema: U311 – Guerra em Alto Mar

A História Naval e o Cinema: ‘A Batalha do Rio da Prata’ (1956)

A História Naval e o Cinema: ‘Afundem o Bismarck’ (1960)

A importância da Batalha Naval de Hampton Roads na Guerra da Secessão

A História Naval e o Cinema: ‘Annapolis’ (2006)

A História Naval e o Cinema: ‘A Caçada ao Outubro Vermelho’

A História Naval e o Cinema: ‘O Mar é o Nosso Túmulo’ (1958)

A História Naval e o Cinema: Hawaii 5.0 e a Marinha dos EUA

A História Naval e o Cinema: ‘Greyhound’ – Na Mira do Inimigo (2020)

A História Naval e o Cinema: ‘Comandante’ (2023)

A História Naval e o Cinema: ‘O Afundamento do Laconia’ (2011)

A História Naval e o Cinema: Lord Jim (1965)

A História Naval e o Cinema: ‘The Pacific’ (2010)

 

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Fernando Vieira

Eu adoro esses artigos sobre filmes. Gosto da visão do capitão a respeito deles. Esses dias assisti um que fiquei esperando um dia ter um artigo a respeito: “Fúria em alto mar” (2018 com Gerald Butler).

Outro filme naval que eu também gosto e que não vi aqui ainda é a comédia Mr Roberts (1955 com Henry Fonda).

Parabéns pelo trabalho capitão! BZ!

BVR

Parabéns pelo trabalho e, talvez até, pelo pioneirismo.
Se fazer cinema no Brasil com a temática militar naval não fosse tão caro e desafiador, o sr. Reale poderia agregar mais uma habilidade profissional ao seu currículo: consultor de cinema.
Desejo muita Saúde, Sucesso e Sorte.

PS.: Parabéns a Trilogia por abrir a oportunidade e que outros colaboradores surjam.

Burgos

Opa !!!👀
Não se despeça caro Comandante do “Léo Pirata” 🏴‍☠️.
Tem mais filme aí pra fazer resenha 😏
Tem esse filme aí que o Fernando citou e o Sniper americano também 👍

Last edited 20 dias atrás by Burgos
Sérgio Vieira Reale

Boa noite, agradeço pelas palavras de reconhecimento e incentivo. As sugestões são sempre bem vindas. O Sniper americano foi publicado no Poder Naval em 2014.

Burgos

Tava na F 42 fazendo a UNIFIL III, não alcancei, mas valeu depois vou lá na lupinha buscar a matéria 👍

Sérgio Vieira Reale

corrigindo: o sniper americano foi publicado em 2024 no Poder Naval.

Burgos

Ok 👍
Depois vou buscar a matéria

Burgos

Foi publicado em 22 fev 2025 👍
Tem até comentário meu lá 😏

Carlos Monteiro

Não podemos esquecer tbm de Tora!Tora!،Tora!,Nave da Revolta,Midway ,Barcos ao mar entre tantos

Dalton

Para mim os próprios navios mostrados nos filmes foram significativos apesar de que muitas vezes ser difícil engolir um navio passando-se por outro, mas, a grande maioria não consegue distinguir um de outro. . A cena mostrada na primeira foto chamou muito minha atenção na época, mas, então não era tão fácil encontrar as respostas, só muito depois, compreendi que o que Richard Gere estava observando era parte da “Frota Esquecida”. . Os 2 encouraçados, “Missouri” palco da rendição oficial japonesa em 02 setembro de 1945 e o “New Jersey” que fora reativado brevemente para serviço na Guerra do Vietnã… Read more »

Burgos

Seu comentário me fez lembrar o filme Pearl Harbor, no qual fizeram filmagem dos navios explodindo que eram os Classe Knox desativados e algumas cenas claramente feito por computador os então efeitos visuais.
Talvez por não ter mais navios da época (2º GM), foi o jeito de “safar” quanto as cenas propostas no filme 🤷‍♂️

Piassarollo

Nesse filme aparecem os DD Spruance também.

Edilson

Alto padrão Comandante Reale, um grande abraço de quem serviu com o senhor no Léo Pirata!

Sérgio Vieira Reale

Obrigado Edilson!